por Helena Geraldes, Última Hora - Público.pt
Na União Europeia (UE), Portugal surge entre os países que mais se dedicam à agricultura biológica. Os últimos dados, relativos a 2005 e divulgados hoje pelo Eurostat, indicam que a fatia orgânica portuguesa é de 6,3 por cento, quando a média europeia é de 3,9 por cento.
Portugal surge ainda como um dos países com maiores explorações, com uma média de 148 hectares por exploração. Este valor só é ultrapassado pela Eslováquia (463 ha) e pela República Checa (305 ha).
O cultivo biológico de olival, vinha, árvores de fruto, hortícolas, cereais, plantas aromáticas, entre outras culturas, ocupa em Portugal mais de 233 mil hectares, num total europeu que ultrapassa os seis milhões de hectares. Itália (1,1 milhões de hectares) e Alemanha e Espanha (800 mil ha) são os países no topo da lista.
Malta (0,1 por cento) e Irlanda (0,8 por cento) são os que menos apostam na agricultura biológica.
Em 2005 existiam mais de 1500 operadores certificados, a maioria no Alentejo, de acordo com o Ministério da Agricultura. Há onze anos que o número tem vindo sempre a crescer.
Esta tendência agrícola, baseada nos ciclos naturais em vez de recorrer a produtos fabricados — como os pesticidas e adubos químicos — parece ser acompanhada pelos consumidores. Nos últimos anos, os mercados e feiras biológicas passaram de excentricidades a um hábito de cadência muitas vezes semanal. Os produtos biológicos tornaram-se aliados dos consumidores que dizem "não" aos alimentos transgénicos.
Ministros revêem Regulamento da Agricultura Biológica
Os ministros da Agricultura europeus reviram hoje o Regulamento da Agricultura Biológica, passando a ser obrigatória a utilização do logótipo biológico da União Europeia, com a indicação do local de cultivo. Apenas os alimentos com um mínimo de 95 por cento dos ingredientes biológicos podem ostentar essa distinção.
Os ministros aprovaram ainda a autorização de 0,9 por cento de organismos geneticamente modificados (OGM) nos alimentos biológicos, substituindo a tolerância zero.
Esta decisão já foi criticada em Portugal pela Plataforma Transgénicos Fora. "Os governos sabem que os OGM causam uma contaminação inevitável de toda a agricultura. Lamentavelmente preferiram sacrificar a agricultura biológica e o que ela significa de sustentável no altar de uma tecnologia perigosa cujo intuito final é concentrar o direito a semear nas mãos de meia dúzia de grandes multinacionais", criticou Margarida Silva, da Plataforma Transgénicos Fora.
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Um comentário:
Esta notícia deve ser encarada com muitíssimas reservas, uma vez que cerca de 90% da área de AB corresponde ao olival e às pastagens. As hortaliças, a fruta e a vinha, ocupam áreas residuais, pelo que na realidade, Portugal é dos países da UE, onde a AB tem menor peso ao nível da produção de alimentos.
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