IDEC
Dados do Ibama mostram que volume saltou de acordo com o avanço do plantio de soja
Matéria publicada em 23/04 no jornal Valor Econômico intitulada "Avanço da soja transgênica amplia uso de glifosato" evidencia o que o Idec e outras tantas organizações da sociedade civil e pesquisadores vêm alertando há cerca de 10 anos: o uso de transgênico não reduz, mas sim aumenta consideravelmente o uso de agrotóxicos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) reproduzidos no texto, o volume saltou de 59,5 mil para 95,2 mil toneladas entre 2000 e 2005, período no qual a área plantada de soja avançou 59% no país.
No início das discussões sobre transgênicos, as ONGs foram, inclusive, acusadas de defenderem a indústria de agrotóxico pelo então ministro da Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes. A acusação levou o Idec e a ABONG (Associação Brasileira de ONGs) a pedirem explicações ao ministro, judicialmente, no Supremo Tribunal Federal, em agosto de 2000.
A verdade incontestável é que as grandes empresas de biotecnologia também produzem e vendem agrotóxicos. É o caso da Monsanto, Bayer e Syngenta. Mais que ninguém, elas estão interessadas em manter ou, se possível, aumentar a comercialização de seus venenos.
A notícia veiculada no Valor Econômico traz ainda uma lamentável declaração do agrônomo Edilson Paiva - pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, doutor em biologia molecular e membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)-, de que o glifosato "É um herbicida de classe menos tóxica e ajuda a reduzir o uso dos defensivos mais tóxicos. A vantagem na segurança alimentar é que os humanos poderiam até beber e não morrer porque não temos a via metabólica das plantas. Além disso, ele é biodegradável no solo".
Ao contrário da afirmação, o glifosato é um herbicida extremamente tóxico para humanos e animais e diversos estudos científicos o relacionam a uma série de efeitos adversos à saúde, como lesões em glândulas salivares, inflamações nas mucosas do estômago, danos genéticos (em células sanguíneas do corpo humano), efeitos reprodutivos (redução dos espermatozóides em ratos; maior frequência de espermatozóides anormais em coelhos), e carcinogenicidade (maior frequência de tumores no fígado de ratos e câncer de tiróide em ratas). Portanto, é, no mínimo, irresponsável a declaração de um cientista menosprezando os efeitos de um agrotóxico, sugerindo que os humanos poderiam até bebê-lo. O Idec gostaria muito de assistir o Dr. Edilson Paiva comprovando sua tese, tomando glifosato.
Leia também:
"Avanço da soja transgênica amplia uso de glifosato"
Valor Econômico
"Entrevista: surgem plantas resistentes ao glifosato"
Agência Chasque
"Soja Transgênica - Estudo Técnico da Assessoria do PT"
ANBio - Associação Nacional de Biossegurança (arquivo .doc)
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2 comentários:
Posso dar lhe um conselho :)
Adorava visitar o site canalenergia. Pois haviam sempre varias notícias e algumas delas eram interessante, no entanto elas passaram a serem tao superficiais, que perdi o interesse.
Quando digo superficiais, quero dizer que praticamente nao passavam de um título e algumas linhas com uma informacao sem base semelhante a esta. Na qual é mensionado que houve um aumento do uso de agrotóxico apos a elevacao do uso de trangenicos, mas nao diz com relacao a que. Ou seja, por que foram necessários mais agrotoxicos? Nas plantacoes de trangenicos ou em outras plantacoes devido a alteracao das pragas ou o deslocamento de pragas de uma platagem a outra? Dentre outras...
Cuidado para nao tornar as publicacoes tao vagas :)
Obrigado!
Olá Tobias,
Acabo de modificar a postagem para o artigo completo, com link para o artigo base, do Valor Econômico.
Algumas vezes posto só um resumo da notícia, mas sempre com o link para o artigo completo, como foi o caso, pois isso permite que os visitantes possam ler com maior facilidade todos os tópicos e acessar o texto completo dos assuntos pelos quais tivessem interesse. É que textos longos no blog dificultam um pouco a navegação.
Outras vezes isso é feito devido ao copyright, que não permite a reprodução do artigo completo.
Mas como esse artigo não é longo, e não há restrição à reprodução, fiz a alteração que você sugeriu.
Se por um lado não incluir o artigo completo facilita a navegação, incluir só uma parte também dificulta o debate. As sugestões recebidas são sempre bem-vindas para melhorarmos o blog.
Aproveitei para indicar mais alguns textos sobre o assunto, no final do artigo.
Abraço!
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