Marina cobra Stephanes sobre cana
Ministra do Meio Ambiente pede explicações a colega da Agricultura, que falou de plantio em áreas da Amazônia
por Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de S.Paulo, 29/09/2007
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ligou ontem para seu colega da Agricultura, Reinhold Stephanes, para cobrar esclarecimentos sobre a declaração do ministro, que afirmou na quinta-feira que o governo poderá autorizar o plantio de cana-de-açúcar em áreas degradadas ou devastadas da Amazônia. “Na conversa, a ministra confirmou e reafirmou que não há a menor hipótese de o governo estimular o plantio que leve direta ou indiretamente ao desmatamento da Amazônia”, contou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco. Marina está em Brasília e Stephanes viajou no fim da tarde de quinta-feira para Curitiba.
Capobianco lembrou que o governo está elaborando um zoneamento para a cana e o estudo deve ficar pronto em meados do ano que vem. O zoneamento indicará as áreas ideais e as proibidas para os canaviais, segundo ele. “Não haverá estímulo ou permissão para o plantio de cana na Amazônia. A tendência, no governo, é a de não estimular o plantio na região.”
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'Ameaça é o efeito dominó', diz diretor da Conservation International
Para ambientalistas, floresta pode ser prejudicada
por Andrea Vialli e Jamil Chade
Fonte: O Estado de S.Paulo - 29/09/2007
As declarações do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, favoráveis à entrada da cana-de-açúcar em áreas da Amazônia repercutiram negativamente entre representantes do movimento ambientalista no Brasil e também na União Européia.
“O grande problema é que a expansão da cana para essas áreas pode repetir o ‘efeito dominó’ já verificado com outras culturas - quando a soja avançou para áreas de pastagens e essas, por sua vez, migraram para áreas de florestas”, explica Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da ONG Conservation International.
“O etanol está sendo proclamado pelo mundo afora como a primeira commodity ‘verde’, e não faz sentido que sua produção gere impactos sobre áreas de preservação como a Amazônia”, diz. Segundo Prado, o argumento de que a cana vai recuperar áreas degradadas é duvidoso. “A cana é uma cultura que tende a esgotar mais o solo e não recuperar.”
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