Agência Brasil, 21 de Outubro de 2007 - 13h49
por Carolina Pimentel, Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de poder ajudar na redução das mudanças climáticas e da dependência do petróleo, o biocombustível pode também causar aumento no preço dos alimentos, no desmatamento das florestas e na disputa por terra e água. É o alerta do Banco Mundial (Bird) no Relatório sobre Desenvolvimento Mundial 2008 – Agricultura para o Desenvolvimento, divulgado pelo órgão na última sexta-feira (19), em Washington, capital dos Estados Unidos.
“A quantidade de grãos exigida para abastecer o tanque de um carro utilitário pode alimentar uma pessoa por um ano. A competição entre comida e combustível é real”, diz o documento, que fala ainda sobre a necessidade de governos e empresas investirem em pesquisas para a descoberta de matérias-primas diferentes dos alimentos básicos.
O Banco Mundial descreve o Brasil como “o maior e mais eficiente” produtor mundial de etanol (álcool combustível) a partir de cana-de-açúcar, que é de baixo custo. Mas ressalva que outros países em desenvolvimento têm poucas chances de chegar ao mesmo patamar com a tecnologia atual, de acesso restrito. De acordo com o relatório, dos cerca de 40 bilhões de litros produzidos em 2006, 42% vieram do Brasil, 46% dos Estados Unidos - que usam prioritariamente o milho - e 4% da União Européia.
O Bird avalia que as técnicas atuais têm favorecido quem produz em grande escala, mas cita cooperativas brasileiras que conseguiram incluir pequenos agricultores no processo.
O programa de biocombustíveis é um dos carros-chefe do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que rebate, com freqüência, críticas em relação à possibilidade de agravamento da fome. Segundo ele, o que leva pessoas a deixar de comer, na verdade, é a falta de dinheiro para comprar alimentos. O objetivo do governo brasileiro é estimular a produção de biocombustível na agricultura familiar.
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