Para não perder terreno no campo das renováveis, os Estados Unidos tentam se aproximar do país que busca a liderança mundial no setor e, para isso, pretendem trocar barreiras comerciais por parcerias tecnológicas
Fonte: CarbonoBrasil, Por Paula Scheidt, 14.07.2009
Considerada uma peça-chave para o sucesso de Copenhague, a China recebe mais uma vez a visita de representantes da Administração Obama em busca de acordos bilaterais ligados ao meio ambiente. O comissário especial do clima dos Estados Unidos, Todd Stern, esteve em Pequim em junho, enquanto ocorria a segunda rodada de negociações de Bonn, e agora desembarcam no país, nesta terça-feira (14), os secretários de Energia, Steven Chu, e de Comércio, Gary Locke.
O tema central da visita será a cooperação no setor de energias renováveis, mais precisamente a quebra de barreiras comerciais. “Altas tarifas, propriedade intelectual obrigatória, competição justa e controle de exportações” são alguns assuntos que precisam ser debatidos para aumentar a cooperação entre as indústrias de energia limpa dos dois países, segundo o Diretor de Políticas do Departamento de Comércio dos EUA, Travis Sullivan.
No início do mês, a China anunciou planos de ter pelo menos 15% da sua matriz energética vinda de fontes eólicas, solares e outras renováveis em 2020. Porém, empresas ocidentais, em especial as européias, reclamam do crescente protecionismo verde do país.
Segundo o New York Times, a China desenvolveu a maior indústria de fabricação de painéis solares do mundo exportando 95% da produção para os Estados Unidos e Europa. Contudo, quando a China autorizou a primeira usina solar no segundo trimestre deste ano, exigiu que ao menos 80% dos equipamentos fossem fabricados nacionalmente.
Além disso, no leilão para contratação de suprimentos de turbinas eólicas feito pelo governo chinês no mesmo período, uma das sete empresas domésticas do setor ganhou todos os 25 contratos. Segundo o NYTimes, todas as seis multinacionais que participaram foram desqualificadas por motivos técnicos, como a falta de dados detalhados suficientes.
O oficial do grupo sem fins lucrativos Fundação de Energia de Pequim, Lu Hong, diz que a China quer investir pesadamente na indústria de renováveis justamente para ajudar a economia do país.
A China ultrapassou os Estados Unidos neste ano como o maior mercado de energia eólica do mundo. Atualmente está construindo seis fazendas eólicas com capacidade de 10 a 20 mil megawatts cada, usando empréstimos com juros baixos de bancos estatais, afirma o NYTimes.
“Tanto a China quanto os EUA têm muito a perder com os potenciais impactos devastadores das mudanças climáticas, porém muito a ganhar com uma parceria no desenvolvimento de tecnologias de energia limpa que irá fortalecer nossa economia através do corte de emissões de carbono”, disse o secretário-assistente de energia para políticas e relações internacionais, David Sandalow.
Sandalow afirmou que o acordo climático pós-Quioto não estará na pauta durante os quatro dias que os dois secretários ficarão na China. “Nós esperamos que a cooperação nas energias limpas contribuam para o sucesso das negociações de Copenhague, mas este não é o foco da viagem”, ressaltou à Dow Jones.
CCS
Antes de assumir o cargo no governo Obama, Chu denominou o carvão como sendo o “seu pior pesadelo” , porém precisou se desdobrar para conviver com o forte lobby do setor nos EUA. Agora, na China, espera fortalecer a cooperação tecnológica também com relação à captura e armazenamento de carbono (CCS).
O carvão é a fonte de 80% da geração energética chinesa, enquanto que nos Estados Unidos ele responde por 50%, segundo o chefe-executivo do Fórum de Energia Limpa EUA-China, Dennis Bracy.
A maior mineradora de carvão da China, o Shenhua Group, está pesquisando e desenvolvendo o primeiro projeto de CCS do país, que deve estar em completo funcionamento em um ou dois anos, segundo o China Daily.
“Para desenvolverem em conjunto a tecnologia CCS, nós recomendamos que cada nação selecione três projetos nos seus países que usem diferentes tecnologias de queima, captura e seqüestro de carbono e os façam de modo coordenados, trocando informações e resultados de pesquisas”, comentou Bracy em entrevista para o China Daily.
Os dois países planejam discutir um centro de energias limpas durante esta visita, primeira experiência conjunta sino-americana na área de renováveis.
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