sexta-feira, 14 de setembro de 2007

UFSC comemora dez anos de produção solar de energia elétrica

por Alexandre Montenegro
ISES do Brasil


Florianópolis - Domingo (16), completa dez anos de operação o gerador solar que foi pioneiro em nosso país em unir interligação à rede elétrica pública e integração à arquitetura de prédio urbano.

Neste gerador, a conversão de energia solar em eletricidade ocorre através dos módulos fotovoltaicos instalados na cobertura do Bloco A do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Com uma potência de pico de dois quilowatts, o
projeto inovou também por utilizar a tecnologia de filmes finos de silício amorfo em um gerador solar fotovoltaico deste porte.

Ao longo desses dez anos, a UFSC já implantou vários outros geradores solares interligados à rede e integrados à edificação, sendo os mais notáveis o do seu Centro de Cultura e Eventos e o da Casa Eficiente da Eletrosul, ambos em Florianópolis.


A energia solar e a geração fotovoltaica

Por ser bem distribuída em todo o país, a energia solar é uma fonte para produção de eletricidade que pode atender tanto aos habitantes dos grandes centros urbanos – assistidos pela rede elétrica pública – como às comunidades ou habitações isoladas – para as quais a extensão da rede elétrica convencional apresenta custos proibitivos.

Além de utilizar uma fonte de energia renovável, não poluente e silenciosa, o gerador solar fotovoltaico apresenta a vantagen de poder ser integrado a edificações urbanas, constituindo então uma usina geradora junto ao ponto-de-consumo e que não requer nenhuma área adicional.

Os prédios que utilizam geradores solares fotovoltaicos integrados à fachada e/ou cobertura são chamados de Edifícios solares fotovoltaicos. A aplicação desse tipo de configuração tem crescido em todo o mundo.

Os módulos solares fotovoltaicos, além de serem responsáveis pela conversão de radiação solar em eletricidade, servem também como material de revestimento destas fachadas e coberturas.

Sistemas deste tipo injetam na rede elétrica pública qualquer excedente de energia gerado e, por outro lado, utilizam a rede elétrica como backup quando a quantidade de energia gerada não é suficiente para atender à instalação consumidora.


Potencial fotovoltaico do Brasil

O potencial de geração de energia elétrica através da tecnologia solar fotovoltaica no Brasil é muitas vezes superior ao consumo total do país.

Para exemplificar este potencial, a comparação com a usina hidrelétrica de Itaipu – que contribui com aproximadamente 22% da energia elétrica consumida no país – é bastante ilustrativa.

O lago de Itaipu cobre uma superfície de 1.350 km2, para uma potência instalada de 12,6 GW e uma produção anual de energia elétrica em torno de 80 TWh . Cobrindo uma área equivalente com um sistema solar fotovoltaico de filmes finos com eficiência de conversão em torno de 7%, a potência instalada seria de 94,5 GWp (gigawatts pico) e, em função da disponibilidade de energia solar na região do lago de Itaipu, a quantidade anual de energia elétrica fotogerada seria em torno de 160 TWh . Em 2004 o Brasil consumiu 359,60 TWh de energia elétrica .

Ou seja, cobrindo-se o lago de Itaipu com módulos solares fotovoltaicos de filmes finos comercialmente disponíveis, seria possível gerar aproximadamente o dobro da energia gerada por Itaipu, ou equivalente a 44% da eletricidade consumida no Brasil.


As vantagens da geração descentralizada

No entanto, a inovação que vem sendo difundida com os trabalhos da UFSC nessa área é exatamente a geração descentralizada e junto ao ponto de consumo, através da integração dos módulos fotovoltaicos ao entorno construído de ambientes urbanos (telhados e fachadas das edificações), para evitar investimentos e perdas por transmissão e distribuição, bem como a ocupação desnecessária de área física (1.350 km2, no caso do lago de Itaipu), utilizando-se os telhados das edificações em vez de áreas que podem ter outras finalidades.

Cobrir telhados com módulos solares fotovoltaicos, em vez de que cobrir o lago de Itaipu com os mesmos módulos, apresenta grandes vantagens:
  • Sociais: por melhorar a qualidade da energia nas pontas de rede e por permitir a substituição de diesel em comunidades não atendidas pela rede elétrica pública;
  • Econômicas: por reduzir investimentos e perdas de transmissão e distribuição, já que retarda a necessidade de expansão da rede elétrica pública, e
  • Ambientais: já que a maior inclusão da geração fotovoltaica na matriz energética nacional implica em menor utilização de formas de geração agressivas ao meio-ambiente, como grandes barragens e termo-elétricas.

Gerador solar fotovoltaico de 2 kWp no Depto. Eng. Mecânica da UFSC.
Encontra-se em operação e monitoração contínua desde 16 de Setembro de 1997.

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Gerador Solar Fotovoltaico do Depto. Eng. Mecânica da UFSC
Informações técnico-científicas


Características
  • Local: Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC – Florianópolis, SC
  • Potência instalada: 2078 Wp (watts-pico)
  • Área total: 40,8 m²
  • Início Operação: 16 de Setembro de 1997
  • Componentes do gerador solar fotovoltaico: 68 módulos (54 opacos e 14 semitransparentes) de filmes finos de silício amorfo de junção dupla; quatro inversores de corrente contínua (geração solar) para corrente alternada (rede elétrica pública).
  • Componentes do sistema de aquisição de dados: dois sensores de irradiação solar (plano horizontal e na inclinação dos módulos); dois sensores de temperatura (ambiente e dos módulos); computador dedicado; sistema de aquisição e tratamento de dados; relógio medidor da energia elétrica gerada.

Resultados dos estudos desenvolvidos
  • Comprovaram a viabilidade técnica e os benefícios sociais, econômicos e ambientais da geração distribuída de energia solar.
  • Demonstraram que, para o clima brasileiro, dentre as tecnologias fotovoltaicas atualmente disponíveis, a de filmes finos de silício amorfo é a que apresenta melhor performance (energia gerada durante o ano para cada watt-pico instalado).

CNEN bloqueada por insegurança nuclear!

Greenpeace Brasil

O maior acidente radiológico do mundo, o do césio-137 em Goiânia, completa 20 anos esta semana e o sofrimento das vítimas continua até hoje. Além de moradores da região, foram atingidos policiais e bombeiros enviados ao local pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Eles estavam sem proteção apropriada e sofreram contaminação. Hoje, lutam contra doenças provocadas pela radioatividade. São 20 anos de descaso do Estado brasileiro.

Desde o acidente, quase nada mudou no controle das atividades nucleares no Brasil. Não vamos deixar o Brasil ser o país da insegurança nuclear!

As falhas estruturais da CNEN foram detalhadas por um grupo de trabalho da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, no relatório "Fiscalização e Segurança Nuclear", publicado em 2006. E agora o governo Lula quer investir mais R$ 7 bilhões de reais para construir a usina nuclear Angra 3. Essa expansão do Programa Nuclear Brasileiro só tende a agravar os problemas de insegurança nuclear do país.

Vale lembrar também que a energia nuclear é cara e perigosa: o processo para gerar energia elétrica é o mesmo de se fazer uma bomba. Além disso, para cada emprego gerado pela energia nuclear, a tecnologia eólica gera 32 e a solar 1426 postos de trabalho.

Por todos estes motivos, o Greenpeace fechou os portões da sede nacional da CNEN no Rio de Janeiro para prestar solidariedade às vítimas do acidente com o césio-137 e lembrar a sociedade dos perigos da energia nuclear. Foram horas emocionantes e tensas, nossos ativistas precisaram ser fortes contra a truculência da polícia. (assista ao vídeo)

Agora é a sua vez de participar: para conhecer outros motivos para se dizer não à Angra 3 e enviar sua mensagem ao presidente Lula exigindo a não construção da usina e o fim do Programa Nuclear Brasileiro, clique AQUI.

Cana na Amazônia é contra-senso, diz ex-ministro

por Roberto do Nascimento, Mercado Carbono - Portal Terra

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, explicou à Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados como é feito o zoneamento do plantio da cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal, que abrange três estágios: onde pode ser plantada cana de acordo com o clima e o solo, onde não se deve plantar cana e áreas aptas ao plantio em pastagens e as terras consideradas degradadas.

Um dos argumentos dos críticos dos biocombustíveis é a concorrência que exercerá com a produção de alimentos e o desmatamento que vai provocar, principalmente na Amazônia. O ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Roberto Rodrigues, afirmou a Mercado Carbono que plantar cana na Amazônia é um absurdo. "A cana é uma gramínea que precisa de uma área com período seco para concentrar o açúcar e produzir etanol ou sacarose. Lá é muito úmido, em boa parte não é possível plantar porque não haverá seca nem frio." Ou seja, não razão técnica ou econômica para plantar cana-de-açúcar na região, porque seria perder dinheiro.

Segundo o ex-ministro, o Brasil tem 62 milhões de hectares plantados, dos quais 6,9 milhões ocupados com cana - 3,3 milhões para açúcar e 3,6 milhões para etanol. Portanto, apenas 5% da área agrícola destinam-se à produção de etanol, que deve alcançar este ano 21,3 bilhões de litros. Há ainda 200 milhões de hectares ocupados com pastagens, dois quais 90 milhões são aptos para agricultura (22 milhões deles aptos para a cana). Assim, estima-se que o País pode multiplicar por sete a área de cana para etanol, sem qualquer prejuízo para outros produtos ou para as florestas.

Lula diz que Brasil terá em breve carro com peças de plástico derivado do álcool

fonte: Ana Paula Marra e Carolina Pimentel, repórteres da Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou esta semana que em breve o Brasil terá um “carro verde”, ou seja, um automóvel cujas peças serão de plástico derivado do álcool, e não mais do petróleo.

O anúncio foi feito em discurso na cerimônia de abertura do Dia do Brasil (12/9), em Estocolmo, na Suécia. Lula destacou a importância de Brasil e Suécia desenvolverem parcerias em projetos de energias renováveis.

“Foi assim, com grande satisfação, que assinamos ontem (11/9) o memorando de entendimento sobre cooperação em energias renováveis. Estão dadas todas as condições para que empresas suecas e brasileiras juntem-se no desenvolvimento e pesquisa desse próximo passo na revolução energética”.

Lula afirmou que o Dia do Brasil vai representar um excelente negócio para empresários suecos e brasileiros darem um novo impulso às relações econômicas entre os dois países.

O comércio entre os dois países no ano passado se aproximou dos US$ 1,5 bilhão, e este ano deverá ultrapassar, segundo informou Lula, os US$ 2 bilhões. “Ainda há muito por fazer. É justamente essa a missão de vocês, empresários, que hoje se reúnem no Dia do Brasil”, afirmou o presidente.

O presidente Lula voltou a defender a importância dos países chegarem a uma “conclusão satisfatória” para a Rodada Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC).

“É o momento de igualarmos as regras aplicáveis ao comércio de produtos agrícolas que incidem sobre o comércio de bens industriais. Uma conclusão satisfatória para a Rodada Doha, na OMC, é inadiável. Não podemos colocar em risco o conjunto do sistema multilateral de comércio, com prejuízos sobretudo para os países mais pobres”, defendeu.

Brasil e Dinamarca firmam acordo na área de energias renováveis

fonte: Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem (13), em Copenhague (Dinamarca), da assinatura de memorando de entendimento com o governo dinamarquês sobre cooperação em energias renováveis.

Em seu discurso, o presidente destacou a importância do papel do etanol e do biodiesel no desenvolvimento de uma nação e aproveitou a oportunidade para convidar os empresários dinamarqueses a conhecerem o que o Brasil está fazendo em matéria de energias renováveis. “É importante que se amplie a escala de fornecimento mundial do etanol. Necessitamos de um mercado amplo que faça do etanol uma commodity de larga aceitação".

Além disso, acrescentou o presidente, é preciso eliminar as "tarifas proibitivas" que oneram a importação dos biocombustíveis e são "incompatíveis com a disseminação dos combustíveis verdes”.

Um futuro brilhante e multibilionário para a energia solar

fonte: Greenpeace
4/9/2007

Milão, Itália — Relatório lançado pelo Greenpeace mostra que geração de eletricidade por painéis solares será competitiva na próxima década, com mercado de 300 bilhões de euros por ano em 2030.

Um relatório lançado hoje (4/9) pelo Greenpeace e a Associação da Indústria Fotovoltaica Européia (AIFE) prevê um futuro brilhante para a indústria da energia solar. O relatório Geração Solar 2007 (1) demonstra o crescimento acentuado do mercado fotovoltaico dos últimos anos e projeta que essa indústria pode atingir um volume anual de 300 bilhões de euros até 2030, criando 6.5 milhões de empregos e suprindo 9,4% da demanda mundial por eletricidade.

O relatório enfatiza os benefícios e a forma de proporcionar energia elétrica a 2,9 bilhões de pessoas vivendo em países em desenvolvimento, como o Brasil. O recente incremento da eletricidade fotovoltaica é apenas uma amostra do que está por vir.

“A utilização de painéis solares fotovoltaicos pode eliminar a emissão de bilhões de toneladas de CO2, criar milhões de empregos e levar eletricidade a bilhões de pessoas que hoje não têm acesso à rede elétrica”, afirma Sven Teske, coordenador da campanha internacional de energia renovável do Greenpeace. “Os geradores solares logo estarão competindo com centrais elétricas, já que produzem eletricidade a preços competitivos exatamente onde ela é necessária – nas casas.”

Desde 1998, o mercado de energia solar fotovoltaica cresceu a uma taxa de 35% por ano e hoje gira mais de 9 bilhões de euros anualmente. Em 2006, a capacidade total instalada de sistemas fotovoltaicos atingiu um novo pico de 6.500 MWp, comparado aos 1.200 MWp de 2000. Esse crescimento mostra que, em algumas áreas, será mais fácil tornar-se competitivo nos preços finais para o consumidor até 2015.

A indústria solar é um elemento-chave para reduzir a emissão de gases estufa relacionada ao consumo energético. Em 2030, a taxa de redução anual de emissões de CO2 deve estar em torno de 1 bilhão de toneladas/ano, o equivalente às emissões totais da Índia no ano de 2004, ou às emissões de 300 usinas termelétricas a carvão. O saldo acumulado de economia de emissões atingiria 6,6 bilhões de toneladas em 2030.

Segundo Winfried Hoffmann, da AIFE, “a indústria solar fotovoltaica vai investir, de agora até 2010, 14 bilhões de euros na expansão de fábricas de painéis fotovoltaicos no mundo todo. A produção em massa vai possibilitar a redução dos custos e esperamos ter preços finais competitivos para o consumidor, em determinadas regiões, até 2015.”

O Greenpeace e a AIFE conclamam os governos a garantirem investimentos em energia fotovoltaica, incentivando programas como as tarifas feed-in que garantem um preço fixo para cada kilowatt-hora de energia solar disponibilizado à rede elétrica.

“A indústria está comprometida a fazer da geração de energia fotovoltaica um sucesso, mas necessita de ajuda e de vontade política. O mundo está pronto para uma revolução energética, mas os governos têm que apoiar sua retórica contra o aquecimento global em ações concretas para o desenvolvimento das energias renováveis, como a tecnologia fotovoltaica”, concluiu Teske.

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Veja também:

(1) Relatório Geração Solar 4 – Eletricidade solar para mais de um bilhão de pessoas e dois bilhões de empregos até 2020 – AIFE/Greenpeace Internacional, setembro de 2007.

O Greenpeace e a Associação da Indústria Fotovoltaica Européia produziram a quarta edição do relatório Geração Solar, com atualizações sobre a contribuição que a energia solar pode trazer para a oferta global de energia. O nome Geração Solar significa que o estudo pretende definir o papel da energia solar para a população que nasce hoje no planeta e será consumidora de energia.

Para baixar a versão pdf do relatório, clique AQUI.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Procurador apura violência contra ambientalistas

Blog do Josias, 04/09/2007


No detalhe, localização do município de Juína (MT)


A Polícia Federal receberá nos próximos dias um ofício do procurador da República Mário Lúcio Avelar, de Mato Grosso. Ele decidiu abrir inquérito policial para apurar o caso ocorrido no município de Juína (MT).

Conforme noticiado aqui no blog, o prefeito, o presidente da Câmara Municipal e fazendeiros da cidade constrangeram, ameaçaram e expulsaram um grupo de nove ambientalistas e jornalistas que pretendiam visitar a aldeia dos índios Enawene Nawe.

Mário Lúcio recebeu cópia de um vídeo com cenas do que se passou em Juína no último dia 20 de agosto. Está convencido de que houve “crime”. Ele diz: “Não há dúvida de que estamos diante de um caso de ameaça e constrangimento ilegal”.

Concluído o inquérito, o procurador pretende mover uma ação judicial contra os responsáveis. Cogita acusar o prefeito e o presidente da Câmara de Vereadores de Juína - Hilton Campos (PR,ex-PL) e Francisco Pedroso (DEM), respectivamente - da prática de improbidade administrativa.

“É certo que moveremos a ação”, disse Mário Lúcio ao blog. “Quero estudar direitinho o caso, para ver se é cabe também a acusação de improbidade administrativa. Há, em princípio, indícios muito fortes. Entendo que um prefeito e um vereador adotar um comportamento daquele, participando de um ato de constrangimento ilegal, viola os princípios da administração pública. Eles incitaram a violência. E não podem fazer uma coisa dessas”.

Atraídos até Juína pela notícia de um conflito de interesses entre fazendeiros e índios, dois jornalistas franceses e seis ambientalistas do Greenpeace e da Opan (Operação Amazônia Nativa) foram conduzidos à Câmara Municipal da cidade. Ali, sob aplausos de cerca de cinco dezenas de fazendeiros, foram informados pelo prefeito e pelo vereador de que não lhes seria permitido visitar os índios.

Devolvido ao hotel, o grupo foi submetido à vigilância dos fazendeiros. Em seguida, foi escoltado até a escada do avião que os levou até Cuiabá (MT). Na capital mato-grossense, os banidos de Juína reportaram o fato ao procurador Mário Lúcio e ao governador Blairo Maggi.

Maggi, produtor de soja e presidente estadual do mesmo PR que dá guarida ao prefeito de Juína, limitou sua reação a uma reprovação retórica. Quanto a Mário Lúcio, espera que o inquérito da PF seja breve. “Não tem nenhuma razão para demorar. Os fatos são claros. Tem as imagens. É só ouvir as pessoas, qualificar e estará tudo pronto para a propositura da ação”.

Se o procurador estiver certo, logo, logo o poder político e econômico será informado de que Juína não é uma terra sem lei. Tomara!

Escrito por Josias de Souza

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assista ao vídeo e leia mais sobre o assunto

domingo, 2 de setembro de 2007

Geração de Energia Elétrica pelas Ondas do Mar

Projeto desenvolvido pela
COPPE - UFRJ

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Notamos que foi atualizado o vídeo sobre esse projeto, que havia sido postado nesse blog anteriormente em 30/4/2007.
Como trata-se de um projeto bastante interessante, postamos agora o vídeo de Junho de 2007.

Projeto do IR Ecológico é aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados

WWF-Brasil, 31 Aug 2007

O Projeto de Lei que prevê a criação do IR Ecológico foi aprovado por unanimidade na quarta-feira, 29 de agosto, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. O PL 5.974/05 do Senado Federal dispõe sobre estímulos fiscais para projetos ambientais, prevendo que pessoas físicas poderão deduzir até 80% do valor das doações e 60% dos patrocínios dirigidos a projetos ambientais previamente aprovados pelo poder público, até o limite de 6% do imposto de renda (IR) devido. No caso de pessoas jurídicas, poderão ser deduzidos até 40% do valor das doações e 30% dos patrocínios, respeitado o limite de 4% do IR.

O Projeto contempla também incentivos para doações ao FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente), e abre a possibilidade de benefício para outros fundos públicos ambientais, desde que sejam habilitados pelo governo federal. Ressalte-se que a proposta não implica em aumento de renúncia fiscal, adaptando-se plenamente à legislação tributária em vigor, inclusive em relação aos limites de deduções possíveis. Preocupa-se ainda em evitar fraudes à sistemática de incentivos fiscais criada, mediante a inserção de tipo penal específico na Lei de Crimes Ambientais.

"A aprovação do Projeto trará grandes benefícios para os fundos ambientais públicos, para as organizações não-governamentais que atuam na área e, acima de tudo, para o meio ambiente e para a sociedade brasileira", comenta Alexandre Prado, gerente de Economia da Conservação Internacional e coordenador da Ação pelo IR Ecológico.

De autoria do Senado Federal, o projeto substitutivo foi redigido com o apoio da Ação pelo IR Ecológico, composto por representantes de ONGs ambientais, empresas e voluntários comprometidos com o tema ambiental. A proposta segue agora para aprovação em plenário na Câmara dos Deputados e depois no Senado Federal.

A Ação pelo IR Ecológico foi criada em 2005 para estudar mecanismos econômicos capazes de estimular o setor ambiental. É composta atualmente pelas seguintes organizações não-governamentais, empresas e especialistas: WWF-Brasil, The Nature Conservancy (TNC), Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Instituto Socioambiental (ISA), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Fundação Biodiversitas, Instituto Bioatlântica, Pinheiro Neto Advogados, PATRI e Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE).

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Leia mais:
IR Ecológico - Perguntas & Respostas
Acompanhe o projeto de lei 5.974/05 na Câmara do Deputados

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Amazônia, uma região de poucos

Terra sem lei
por Andreia Fanzeres
O Eco
22.08.2007

Ativistas do Greenpeace acompanhados por dois jornalistas franceses tiveram no início desta semana a real dimensão do que acontece na Amazônia quando o Estado está ausente. A idéia era pousar em Juína, maior cidade do noroeste de Mato Grosso, para fazer um sobrevôo e observar as causas persistentes do desmatamento, que notadamente diminuiu no estado de dois anos para cá. Mas na região noroeste existe a Terra Indígena Enawenê Nawê e uma área de litígio onde se pretende ampliá-la, conhecida como gleba Rio Preto. E ver tudo isso foi o suficiente para mobilizar toda a sociedade juinense, inclusive a polícia, que manteve os visitantes como reféns por 24 horas e os expulsou da cidade antes que houvesse mortes.

Clique aqui para ler reportagem completa no site O Eco.

Clique aqui para ler o que foi publicado no site do Greenpeace sobre o assunto.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Atrasos na construção de reator finlandês comprova falta de transparência da indústria nuclear

Finlândia - Obra, que deveria custar 2,5 bilhões de euros, já consumiu mais de 4 bilhões em investimentos

Greenpeace

Os atrasos na construção do reator número 3 da usina nuclear de Olkiluoto, na Finlândia, anunciados nesta sexta, comprovam novamente que a energia nuclear é uma opção cara, perigosa e divergente das reais soluções no combate às mudanças climáticas. Os atrasos são resultantes de problemas no reforço da estrutura do reator – exigido para que este possa resistir a impactos como o de queda de um avião. Olkiluoto é o único exemplo de um Reator de Água Pressurizada (EPR), símbolo do renascimento da energia nuclear.

“A indústria nuclear diz que se modificou e que o EPR é um símbolo da capacidade de se fornecer uma energia de baixo-custo que não emite CO2. Os atrasos na construção de Olkiluoto demonstram que esse novo formato carrega consigo os mesmos velhos problemas: complicações, custos progressivos, questões crônicas de segurança e a falta de transparência”, disse o coordenador da campanha de Nuclear do Greenpeace Internacional, Jan Beránek. Os projetistas do reator sabiam, desde 2001, que ele deveria ser resistente a ataques aéreos. E quando a construção do reator foi autorizada, a população finlandesa foi falsamente informada de que o projeto já estava dentro dessas normas.

A companhia responsável pela construção, TVO, também estimou que o reator de 1600 MW custaria 2,5 bilhões de euros e levaria quatro anos para ser finalizado. Os custos já superam 4 bilhões de euros e as obras estão atrasadas em dois anos, pelo menos. A proposta era não utilizar subsídios públicos, mas, na realidade, a construção está sendo paga por impostos de contribuintes franceses e suecos, além de um pequeno percentual vindo de bancos estatais.

A proposta de Revolução Energética do Greenpeace mostra claramente que as necessidades energéticas mundiais podem ser supridas por meio de renováveis e medidas de eficiência, sem que seja necessário recorrer à energia nuclear. “Os outros governos precisam dar atenção aos avisos do fiasco de Olkiluoto. O poder nuclear é um caro desvio das reais soluções contra as mudanças do clima. Não devemos gastar mais tempo nem dinheiro nessa aventura mortal do século 20”, afirmou Beránek.

O Greenpeace reivindica que as companhias envolvidas, TVO e STUK façam imediatamente a lista de problemas de qualidade e de segurança na construção do reator de Olkiluoto. Existem até agora 1500 defeitos listados e muitos componentes cruciais para a segurança da usina foram remanufaturados ou reparados.

Anvisa abre consulta pública sobre transgênicos. Sociedade civil e parlamentares apóiam

Greenpeace, 09 de Agosto de 2007

São Paulo - Mais de 40 entidades e parlamentares apoiaram a decisão da agência de abrir consulta pública sobre liberação de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados)

Movimentos sociais e parlamentares divulgaram ontem uma nota de apoio à iniciativa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de abrir consulta pública sobre as regras de liberação de transgênicos. Na nota, também reivindicam que a proposta final resultante dessa consulta, após as contribuições da sociedade civil, seja usada pela CTNBio (Comissão Nacional de Biossegurança) para nortear os processos de liberação comercial de organismos geneticamente modificados.

“A iniciativa da Anvisa é bastante oportuna. Na verdade, a Anvisa está fazendo o que a CTNBio já deveria ter feito há muito tempo: criar normas e consultar a sociedade”, disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace.

A idéia da consulta pública iniciada pela Anvisa é colher a opinião e as contribuições da sociedade sobre uma lista de 119 questões que deverão nortear os critérios a serem cumpridos pelas empresas que desejem comercializar transgênicos no Brasil.

As entidades e parlamentares que assinaram a nota também apoiaram a decisão da Anvisa de apresentar recurso ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) contra a decisão da CTNBio de liberar a comercialização e plantio do milho Liberty Link, da Bayer.

“As dúvidas levantadas pela agência quanto à inexistência de estudos toxicológicos e de alergenicidade são muito graves e não poderiam ter sido deixadas de lado pela CTNBio”, alertou Gabriela. “A atitude da Anvisa garante a segurança da população e deve ser aplaudida. O CNBS não pode ignorar esse alerta”. A nota de apoio será encaminhada ainda nesta semana aos Ministros que têm assento no CNBS.

Veja aqui como participar

Leia a íntegra da nota

domingo, 12 de agosto de 2007

Operação Moeda Verde, versão Espanha

10/8/2007
por Tadeu Meyer Martins (tadeu.meyer@gmail.com)
Colaborou Alexandre Montenegro (alex.ises.br@gmail.com)

Uma região da Espanha visitada pelo governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (LHS), em março último, foi tema de artigo da Folha no domingo (5/8): "Boom imobiliário destrói litoral espanhol". Opa! Que coincidência com a situação vivida em Florianópolis!

E o artigo continua: "Quase 400 prefeituras estão sob investigação por obras irregulares, muitas em praias sob proteção ambiental; cinco prefeitos estão presos". Alguma semelhança com a Operação Moeda Verde, da Polícia Federal?

Segundo artigo publicado no site do Governo do Estado de Santa Catarina, LHS comemorava, em março último, a decisão de um grupo espanhol [!] de investir em um grande complexo turístico em Santa Catarina, com uma estrutura de até dez vezes o tamanho do projeto de Jurerê Internacional [!!].

No artigo da Folha aparece a cidade expoente da prosperidade espanhola. "O maior foco dessa corrupção é um antigo reduto do jet-set europeu, Marbella, na Costa do Sol, ao sul do país, onde um prefeito foi deposto em 2002 e seus dois sucessores estão presos por corrupção e abusos urbanísticos".

O artigo “Governador aponta entraves”, publicado no jornal A Notícia, em 27 de março de 2007: "O novo complexo turístico ficaria sediado em Governador Celso Ramos, com estrutura semelhante à encontrada pela comitiva de Luiz Henrique em Marbella [uau!], na Espanha, incluindo um terminal para transatlânticos e marina para mais de 500 barcos".

Nosso governador é ou não é um piadista? Pena que o palhaço da história não seja ele.

Em tempo: LHS ganhou em 2006 o Prêmio Motosserra de Ouro, da Rede de ONGs da Mata Atlântica. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, Santa Catarina foi líder em desmatamento do bioma entre 2000 e 2005, período em que aumentou seu índice de desmatamento em 8%, equivalente à supressão de 48 mil hectares de florestas. Outros sete Estados, juntos, desmataram 46 mil hectares.

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Leia a seguir os artigos citados acima.
Leia mais sobre a Operação Moeda Verde clicando aqui.
Veja vídeos sobre a Operação Moeda Verde clicando aqui.

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Boom imobiliário destrói litoral espanhol
www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0508200701.htm
Quase 400 prefeituras estão sob investigação por obras irregulares, muitas em praias sob proteção ambiental; cinco prefeitos estão presos
Juros baixos, riqueza da classe média, demanda de aposentados europeus e lavagem de dinheiro de máfias vitaminam setor
Folha de São Paulo
Raul Juste Lores, da reportagem local
5/8/2007


Uma trama que reúne empreiteiros gananciosos, construções irregulares, prefeitos presos e as mais variadas máfias ameaça um dos mais disputados litorais do mundo.

Com exceção dos prefeitos presos, a história poderia facilmente acontecer em alguma parte do litoral brasileiro. Mas é na Espanha onde governos corruptos têm autorizado obras em cada metro quadrado ainda virgem do litoral.

Construções irregulares criam resorts, hotéis e torres em áreas de preservação ambiental. Até a União Européia chamou a atenção do país, no mês passado, pela destruição de sua costa mediterrânea.

Um conjunto de fatores contribui para o boom imobiliário espanhol, um dos principais motores para o crescimento do país na última década.

Internamente, há os juros baixos, uma classe média endinheirada louca para ter um segundo imóvel na praia e um crescimento populacional acelerado provocado por milhões de imigrantes.

De fora, pesam os milhares de aposentados britânicos, alemães e escandinavos que sonham em ter uma casinha sob o calor espanhol, tão raro no continente, a preços razoáveis.

"A máfia russa, os narcotraficantes e os grupos delinqüentes internacionais e nacionais descobriram no litoral espanhol uma grande lavanderia de dinheiro", disse à Folha o analista político Carlos Malamud, do centro de estudos Instituto Real Elcano.

"Isso foi reforçado pela corrupção existente, das prefeituras e de quem decide o zoneamento dessas cidades."

Lei permissiva

Tudo começou com a chamada Lei do Solo, aprovada pelo governo conservador de José María Aznar em 1998. Praticamente todo o solo espanhol se tornou passível de urbanização. De lá para cá, a Espanha construiu cerca de 800 mil unidades habitacionais por ano, mais do que França, Alemanha e Reino Unido juntos.

Mesmo assim, o preço médio do metro quadrado cresceu 150% no mesmo período. Dos 20 bilionários espanhóis na última lista da revista Forbes, oito pertencem ao mundo da construção civil.

Esse boom é mais sentido no litoral, pela cobiça por sua costa com sol e temperaturas acima dos 18ºC na maior parte do ano. A Espanha recebe mais de 60 milhões de turistas por ano, e o que a imensa maioria ainda quer é sol e praia.

Empreiteiros e especuladores começaram uma caça aos espaços ainda virgens e intocados, e contaram com a colaboração de governos municipais dispostos a autorizar qualquer obra. Entre 2000 e 2006, foram denunciadas irregularidades urbanísticas em 397 cidades, a maioria no litoral da Andaluzia e da Comunidade Valenciana.

Uma cruzada liderada por uma dezena de juízes e promotores públicos já colocou cinco prefeitos e dezenas de vereadores atrás das grades.

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Manhattan e Miami ibéricas expõem excesso à beira-mar
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0508200702.htm
Folha de São Paulo
Raul Juste Lores, da reportagem local
5/8/2007

Uma enorme investigação do Ministério Público espanhol descobriu que dezenas de prefeitos, vereadores, juízes, advogados e funcionários públicos de seis diferentes Províncias espanholas receberam presentes da imobiliária Aifos.

De hospedagem em hotéis cinco estrelas a tratamentos médicos e de beleza, tudo era oferecido aos corruptíveis elos que permitiam construções ilegais da empresa.

O maior foco dessa corrupção é um antigo reduto do jet-set europeu, Marbella, na Costa do Sol, ao sul do país, onde um prefeito foi deposto em 2002 e seus dois sucessores estão presos por corrupção e abusos urbanísticos.

A cidade é uma Miami espanhola, cheia de lojas de luxo, spas e clínicas de cirurgia plástica. Com apenas 125 mil habitantes, tem a maior concentração de iates da Europa e possui 15 campos de golfe (para se ter uma idéia, o Estado de São Paulo inteiro tem 38).

O maior palácio da família real saudita na Europa está lá, uma versão muito ampliada da Casa Branca, de Washington, que abriga até 500 hóspedes. Em Marbella, há 30 mil casas e apartamentos irregulares. A cidade serviu como cenário para festas de contrabandistas nos filmes "Syriana" (com George Clooney) e "Munique" (de Steven Spielberg).

Como uma cantora muito popular na Espanha, Isabel Pantoja, namora um dos ex-prefeitos presos (e recebeu depósitos milionários dele), o escândalo imobiliário foi parar na revista "Hola!", a revista de celebridades que é a bisavó da "Caras", para delírio de fofoqueiros e paparazzi espanhóis.

Só na operação de Marbella, 86 pessoas já foram presas e mais de US$ 3 bilhões foram apreendidos com os corruptos, de obras de arte a cavalos de raça, de Porsches a jóias.

Outro caso dos exageros à beira-mar é Benidorm, na Comunidade Valenciana. Com menos de 70 mil habitantes, Benidorm se orgulha de ter a segunda maior concentração de arranha-céus do mundo por metro quadrado, depois da ilha de Manhattan, em Nova York.

É a versão mais rica e kitsch de Balneário Camboriú. Lá, os andaimes não param de subir: um edifício residencial de 200 metros de altura está em construção, maior que o mais alto hotel da Europa, o local Bali III, com 52 andares e 186 metros.

Barreiras e demolição

Demorou, mas a sucessão de escândalos e descalabros urbanísticos e paisagísticos começa a ser freada. Em Algarrobico, na Andaluzia, em uma praia ainda deserta, um solitário hotel de 22 andares quase pronto foi interditado pelo governo. Será demolido - e o grupo Greenpeace pichou o prédio com letras enormes: "ilegal".

Já em Marbella, o governo andaluz tirou a competência da prefeitura em matéria urbanística por mais de um ano, até que outro prefeito fosse eleito. Várias prefeituras têm perdido o direito de legislar sobre o solo, com intervenções regionais e até do governo nacional.

A melhor notícia para o litoral espanhol, porém, é que provavelmente a bolha da construção imobiliária esteja perto do fim, ou pelo menos, de uma forte desaceleração, com menos crédito, preços dos imóveis menos competitivos e maiores barreiras à construção.

No mês passado, entrou em vigor a nova Lei do Solo, proposta pelo governo socialista, que determina 30% do solo residencial para conjuntos habitacionais populares e promove a participação popular em planos urbanísticos.

Mas os excessos da construção civil e a permissividade de governos locais ainda servirão por um bom tempo como exemplo do que pode acontecer com outros paraísos naturais.

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Governador aponta entraves
Pouca divulgação de Santa Catarina e legislação inibem investidores, diz Luiz Henrique
Jornal A Notícia
Economia, pág. A12
27/3/2007


Florianópolis - O desconhecimento sobre as oportunidades que existem em Santa Catarina e a "insegurança jurídica" são os principais entraves para a chegada de novos investimentos. A avaliação é do governador Luiz Henrique da Silveira que ontem fez um balanço dos 14 dias de viagem em missão oficial à França, Alemanha e Espanha.

O principal ganho da viagem, disse LHS, foi a divulgação do potencial catarinense no exterior. Da viagem, trouxe a garantia de dois investimentos: a ampliação das instalações do grupo empresarial alemão Thomas Netzsch em Pomerode e a instalação de um empreendimento turístico espanhol com estrutura que pode chegar a dez vezes o tamanho do projeto de Jurerê Internacional, localizado em Florianópolis.

O novo complexo turístico ficaria sediado em Governador Celso Ramos, com estrutura semelhante à encontrada pela comitiva de Luiz Henrique em Marbella, na Espanha, incluindo um terminal para transatlânticos e marina para mais de 500 barcos.

Ao apresentar o projeto, o governador atacou o que chama de "eco-radicalismo". Acusa de questões técnicas – principalmente ambientais – serem transformadas em apelo político e impedir a concretização de investimentos no setor. Citou o caso do campo de golfe embargado em Florianópolis por questões ambientais. "Não pode ter um campo de golfe ou uma marina. O que vale é pobreza, o que vale é a Favela do Siri (localizada próxima ao empreendimento). Isso pode."

Outros investimentos no Estado estariam bem encaminhados após a missão oficial. Entre eles, a instalação de unidades dos grupos alemães Carl Zeiss (que atua na indústria óptica e optoeletrônica, com representação em mais de 30 países) e MW Zander, de produção de chips eletrônicos. Luiz Henrique afirma que os principais argumentos utilizados foram o grande número de catarinenses com descendência (sic) européia e os índices econômicos, de segurança e educacionais – além de mostrar Santa Catarina como o epicentro do Mercosul.

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Luiz Henrique avalia missão à Europa em coletiva
Site do Governo do Estado de Santa Catarina
26/3/2007

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Na bagagem, o governador trouxe mais que a prospecção de negócios. Tem confirmado, entre outros acordos, um investimento significativo da empresa alemã Thomas Netsch, em Pomerode; a vinda de um empreendimento turístico espanhol, que pode gerar até 12 mil empregos diretos; e a presença do bailarino Mikhail Baryshnikov para uma apresentação na abertura do 25º Festival de dança de Joinville.

(...)

Espanha - Luiz Henrique também comemorou a decisão de um grupo espanhol de investir em um grande complexo turístico em Santa Catarina, com uma estrutura que pode chegar a dez vezes o tamanho do projeto de Jurerê internacional. A estrutura, semelhante a que existe em Marbella, na Espanha, deve ter um terminal para transatlânticos e uma grande marina, para mais de 500 barcos. “Precisamos compreender que este empreendimento vem para gerar emprego, desenvolvimento, para aumentar a renda do nosso povo. Que uma marina, um terminal turístico e um campo de golfe não vão provocar danos à natureza”, enfatizou.

Luiz Henrique fez questão de destacar que dentro da marina de Marbella existe uma profusão de peixes. “É preciso que criemos a mentalidade do desenvolvimento sustentável e não do radicalismo que impeça o desenvolvimento e a geração de emprego e renda para a nossa gente”. O governador disse ainda que um outro grupo espanhol vai investir nos portos catarinenses, especialmente nos de São Francisco e Imbituba.

(...)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Usinas Nucleares - Chernobyl - Angra

Veja por que dizer NÃO:

* NÃO há justificativa energética para Angra 3!
Além de custar muito caro, Angra 3 demoraria pelo menos seis anos para ficar pronta, tarde demais para gerar energia. Enquanto isso, um parque eólico pode ser construído em, no máximo, dois anos. Se a justificativa de Angra 3 não é energética, então qual será?

* NÃO precisamos de Angra 3!
Se os R$ 7 bilhões necessários para construir a usina fossem gastos em energia eólica, geraríamos o dobro de energia e 32 vezes mais empregos. Além disso, nosso potencial para as energias renováveis é suficiente para suprir nossa demanda energética. Conheça aqui o estudo [R]evolução Energética.

* 82% dos brasileiros dizem NÃO!
Segundo pesquisa do ISER, encomendada pelo Greenpeace, a ampla maioria dos brasileiros é contra a construção de usinas nucleares.

* NÃO podemos gastar tanto!
Energia nuclear é cara! Com o investimento que seria feito na usina, poderíamos construir 14 estações de metrô ou pagar 280 milhões de bolsas criança-cidadão para evitar o trabalho infantil.

* NÃO queremos esse perigo!
Depois de 60 anos desde que o primeiro reator começou a funcionar no mundo, ainda não existe uma solução definitiva e segura para o lixo radioativo gerado pelas usinas. Este lixo permanece perigoso por centenas de milhares de anos. Outro perigo é o risco de acidentes nucleares como Chernobyl e Goiânia. Em 2006, foram registrados incidentes nucleares na França, Suécia e no Japão.

* Vamos dizer NÃO à aventura nuclear!
O país tem inúmeras outras necessidades que devem ser prioridades de investimento. Mesmo assim, o governo pode insistir em remar contra a maré. Países como Alemanha, Espanha e Suécia estão fechando suas usinas e (com ótimos resultados) gerando energia a partir de fontes limpas e seguras.

Portanto, junte-se a nós e DIGA NÃO você também!

Clique aqui e envie uma mensagem ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com cópia aos membros do CNPE – Conselho Nacional de Política Energética, manifestando sua rejeição à construção da usina nuclear Angra 3.

ONGs protestam em Brasília contra Angra 3 e Programa Nuclear

No dia 08 de agosto, SOS Mata Atlântica, Greenpeace e WWF-Brasil promovem ato com apoio da Frente Parlamentar Ambientalista na semana de aniversário das bombas de Hiroshima e Nagasaki

Nesta quarta-feira, a partir das 11h, mais de duzentos representantes e voluntários de diversas entidades de todo o país realizarão ato em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para protestar contra a retomada da construção da usina nuclear Angra 3 e do Programa Nuclear Brasileiro.

A atividade é promovida pela Fundação SOS Mata Atlântica, Greenpeace e WWF-Brasil, com o apoio da Frente Parlamentar Ambientalista, e contará com a presença de membros do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS), Associação Brasileira de ONGs (Abong), Associação das Vítimas do Césio-137 e Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sapê), entre outras organizações e reunirá ativistas de Brasília (DF), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Angra dos Reis (RJ), Salvador (BA), Caetité (BA) e Goiânia (GO).

A concentração dos manifestantes começa às 9h30, em frente ao Ministério de Minas e Energia. Às 11h, os manifestantes seguirão em passeata até a Praça dos Três Poderes e entregarão a representantes da Frente Parlamentar Ambientalista uma carta em repúdio ao Programa Nuclear Brasileiro e à Angra 3. Às 14hrs, uma sessão de debates sobre o tema nuclear está programada no Auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, com representantes das entidades da sociedade civil e parlamentares.

A programação é aberta à participação popular e todos os cidadãos estão convidados a manifestar seu repúdio à retomada da aventura nuclear brasileira. Vale lembrar que a data foi escolhida em memória aos ataques nucleares ocorridos em 1945 em Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto), no Japão.

ATO CONTRA NUCLEAR EM BRASÍLIA
DIA 08 DE AGOSTO, QUARTA-FEIRA,
CONCENTRAÇÃO A PARTIR DAS 9H30 NO MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
ATO A PARTIR DAS 11H NA PRAÇA DOS TRÊS PODERES

Maiores informações:
SOS Mata Atlântica
Greenpeace Brasil
WWF-Brasil

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O Brasil em busca de um etanol sustentável

Limitar as áreas nas quais se possa plantar cana-de-açúcar, reduzir a queima de canaviais e incentivar a semeadura direta são esforços para reduzir os danos ambientais do boom do etanol brasileiro.

Por Roberto Villar Belmonte*
Fontes: ENVOLVERDE e TERRAMÉRICA

Experimento do Instituto Agronômico de Campinas, no Estado de São Paulo
sobre o melhor solo para plantar soja, girassol, amendoim e outras leguminosas,
em rotação com cultivos de cana-de-açúcar.
(Crédito: Nilson Konrad)

PORTO ALEGRE, 23 de julho (Terramérica) - Para minimizar as críticas internacionais contra a indústria do álcool produzido a partir da cana-de-açúcar, o governo brasileiro anunciou que vai proibir os canaviais na Amazônia e no Pantanal. Além disso, pesquisadores e produtores pretendem acabar com a queima dos canaviais e promovem a coleta de cana crua, a plantação direta e a rotatividade com cultivos de alimentos para dar uma resposta aos principais temores que desperta uma expansão descontrolada da cana-de-açúcar.

Após a divulgação, este ano, de novos dados científicos sobre a gravidade do impacto do aquecimento global provocado sobretudo pelos combustíveis fósseis, o etanol, ou álcool combustível, passou a ser visto como alternativa para reduzir o consumo de gasolina, pois sua combustão emite menos gases causadores do efeito estufa. Este atributo ecológico acelerou o boom da indústria alcooleira no Brasil e deu lugar a preocupações ambientais, apresentadas com insistência pelos presidentes Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela. A queima da cana para eliminar as folhas ou resíduos antes da colheita, que acontece na maioria das plantações, lança na atmosfera quase 4,5 toneladas de dióxido de carbono por hectare.

Outro temor é que os novos canaviais ocupem áreas destinadas a alimentos, como ocorreu nos últimos anos na região de Monte Azul, norte do Estado de São Paulo, tradicional produtora de laranja que viu muitos desses cultivos serem substituídas por cana-de-açúcar. Um possível maior desmatamento da Amazônia também preocupa os ambientalistas. Em parte para contra-atacar esses argumentos, o Ministério da Agricultura anunciou, no dia 17 deste mês, que proibirá canaviais na Amazônia e no Pantanal, gigantesca área úmida no oeste do país.

A proibição se tornará efetiva por meio de um ordenamento territorial das áreas onde poderão ser praticadas novas plantações, e que estará pronto em um ano. O propósito é incentivar o avanço da cana em zonas agrícolas já degradadas por pastagens. Outra medida anunciada é a certificação social e ambiental de toda a cadeia produtiva açucareira, na qual trabalham técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) e que será discutida em breve com os empresários do setor.

“A expansão da cana-de-açúcar em São Paulo já acontece principalmente em regiões de pastagens, e inclusive integrada à agropecuária. Não há necessidade de ocupar florestas, pois este país tem muita terra degradada disponível”, disse ao Terramérica Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Um estudo deste órgão, vinculado ao governo paulista, mostra que nos últimos 30 anos a produtividade passou de 65 toneladas de cana por hectare para 90 toneladas por hectare. Também cresceu a quantidade de colheitas, de três para seis, o que reduziu os custos de novas semeaduras e seu impacto ambiental.

Além disso, cresce a colheita mecânica da cana crua. Dessa forma, as folhas não são queimadas e caem no solo como adubo. Segundo Landell, em algumas áreas são depositadas até 20 toneladas de resíduos por hectares ao ano, o que representa um grande retorno de material orgânico para os solos tropicais. A cana-de-açúcar ocupa sete milhões de hectares no Brasil, quatro milhões apenas no Estado de São Paulo. Com a produtividade de 30 anos atrás, seria necessário o dobro de superfície para obter a mesma quantidade de álcool que é obtida atualmente, cerca de sete mil litros por hectare, que os empresários esperam aumentar para até 11 mil litros nos próximos anos, por meio de melhoramentos genéticos e industriais.

Dentro de mais 15 anos, o aumento do rendimento em todo o sistema produtivo deverá ser de 80%. “Deste modo, a área plantada não passaria de 30 milhões de hectares”, segundo Landell. Na última década, os planos de melhoramento permitiram plantar mais de 80 tipos de cana-de-açúcar, “o cultivo com maior número de variedades em cada propriedade. Esta diversidade cria resistência e serve como proteção às doenças”, explicou o pesquisador. Portanto, usa-se menos pesticida, pois as variedades desenvolvidas são resistentes a muitas doenças comuns dos canaviais.

Segundo o IAC, o avanço açucareiro pode impulsionar a produção de alimentos. Do total plantado no Brasil, 15% ficam disponíveis a cada ano para a rotação de cultivos em função da renovação dos canaviais, o que representa milhões de hectares que podem ser destinados para plantar soja, amendoim e outros cultivos. Na região paulista de Ribeirão Preto, a plantação direta, sem remoção nem limpeza do solo, é cada vez mais usada quando os canaviais são renovados. Os produtores plantam e colhem variedades precoces de soja e amendoim sobre os resíduos de cana, antes de iniciar uma nova plantação.

Em algumas propriedades, a nova cana é plantada sobre os resíduos da colheita das leguminosas colhidas. “Esta é uma tendência irreversível”, afirmou Landell. A plantação direta sem queima das folhas pode ser adotada em todas as regiões produtoras do Brasil, afirma a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegocios (APTA). Estima-se que a colheita de cana crua captura uma tonelada de dióxido de carbono por hectare. “Quando a colheita de cana crua, cujos resíduos aumentam a umidade e fertilidade do solo, se soma à plantação direta, são potencializados os benefícios ambientais”, disse ao Terramérica o pesquisador Denizart Bolonhezi, da APTA.

Em Ribeirão Preto, há 40 mil hectares de amendoim plantados com semeadura direta e tradicional em áreas de renovação de cana. Duas cooperativas, a Coopercana, na região de Sertãozinho, e a Coplana, na região de Guariba, recebem e vendem a oleaginosa. “Com a tecnologia atual pode-se conciliar a produção de alimentos e a de cana” para etanol, assegurou Bolonhezi. Os avanços brasileiros permitem que a expansão do álcool combustível tenha bases sustentáveis, afirmam seus defensores. Resta saber se o governo conseguirá estabelecer critérios de produção adequados ao meio ambiente e, sobretudo, fiscalizar as novas áreas plantadas, e também impulsionar a busca de combustíveis mais ecológicos do que os hidrocarbonos.

* O autor é colaborador do Terramérica.

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde. (Envolverde/Terramérica)

Florianópolis: obras de loteamento no Campeche devem ser suspensas

Fonte: Portal da Justiça Federal da 4ª Região

A Justiça Federal determinou a imediata suspensão das obras do loteamento “Dunas do Leste”, situado na Praia do Campeche, em Florianópolis. A decisão é do juiz Zenildo Bodnar, da Vara Federal Ambiental de Florianópolis, que acolheu pedido de liminar do Ministério Público Federal (MPF). Segundo a Procuradoria da República, a obra estaria ocupando área de preservação permanente, com a presença de vegetação de restinga.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis), conforme documentos constantes do processo, também atestam a existência de restinga. A Fatma (Fundação do Meio Ambiente), que havia autorizado e depois embargado a obra, expediu uma nova licença para o loteamento. Para o juiz, entretanto, “o fato de a obra estar licenciada não significa que esteja de acordo com as normas ambientais”. A decisão foi registrada no dia 24 de Julho.

A liminar impede, sob pena de multa de R$ 100 mil, a realização de construções, reformas, supressão de vegetação e colocação de equipamentos, entre outros atos capazes de causar danos. A ação foi proposta contra a empresa NBS Construtora e Incorporadora, o município, a Fatma e réus particulares. Cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.

2º. Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

Os interessados em participar do 2º. Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental já podem fazer suas inscrições através do site www.cbja2007.com.br.

As inscrições serão aceitas pela internet até o dia 05 de outubro, após essa data somente no local do evento, que acontecerá de 10 a 12 de outubro, no prédio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no centro de Porto Alegre.

Até 10 de setembro, os valores são menores, R$ 100,00 para profissionais e 50,00 para estudantes. A partir dessa data, passam a ser R$ 120,00 e R$ 70,00 , respectivamente.

O evento é promovido pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul e vai reunir profissionais, estudantes, professores de jornalismo especializados ou interessados em meio ambiente de todo o país.

Com o tema “O Aquecimento Global, um desafio para a mídia”, o congresso é um evento bastante aguardado, já que foi um sucesso na sua primeira edição, em Santos, em 2005, e permite o contato direto com muitas das mais importantes fontes dessa área, como especialistas em mudanças climáticas, Amazônia e recursos hídricos.

Estarão presentes também destacados profissionais do jornalismo ambiental, para relatar suas experiências e discutir a situação e perspectivas deste segmento, diante da crise ambiental planetária.

Mostra de vídeos

O evento terá uma mostra de vídeos, reportagens e filmes ambientais, com a participação de produtores, diretores e repórteres. Outra atividade importante será a apresentação de trabalhos científicos, desenvolvidos por estudantes e professores das universidades, relacionados com o tema do jornalismo ambiental.

Haverá ainda espaços para estandes e exposições das ONGs, instituições e entidades da área. Já está confirmado para a conferência de abertura, dia 10 de outubro, o célebre documentarista Adrian Cowell, que produziu “A Década da Destruição”, sobre a Amazônia.

Mais detalhes em www.cbja2007.com.br.

A farra dos sacos plásticos

"Creio que um dos primeiros presentes que recebi de meus sogros em Viena foram 2 bolsas de algodão para ir ao Supermercado. Depois compreendi".

por André Trigueiro (pós-graduado em meio ambiente, jornalista, redator e apresentador do Jornal das 10, da Globonews, desde 1996)

Os supermercados, farmácias e boa parte do comércio varejista embalam em saquinhos tudo o que passa pela caixa registradora. Não importa o tamanho do produto que se tenha à mão, aguarde a sua vez porque ele será embalado num saquinho plástico. O pior é que isso já foi incorporado na nossa rotina como algo normal, como se o destino de cada produto comprado fosse mesmo um saco plástico. Nossa dependência é tamanha que quando ele não está disponível costumamos reagir com reclamações indignadas. Quem recusa a embalagem de plástico é considerado, no mínimo, exótico.

Outro dia fui comprar lâminas de barbear numa farmácia e me deparei com uma situação curiosa: a caixinha com as lâminas cabia perfeitamente na minha pochete. Meu plano era levar para casa assim mesmo. Mas num gesto automático, a funcionária registrou a compra e enfiou rapidamente a mísera caixinha num saco onde caberiam seguramente outras dez. Pelas razões que explicarei abaixo, recusei gentilmente a embalagem.

A plasticomania vem tomando conta do planeta desde que o inglês Alexander Parkes inventou o primeiro plástico, em 1862. O novo material sintético reduziu os custos dos comerciantes e incrementou a sanha consumista da civilização moderna. Mas os estragos causados pelo derrame indiscriminado de plásticos na natureza tornou o consumidor um colaborador passivo de um desastre ambiental de grandes proporções. Feitos de resinas sintéticas originadas do petróleo, esses sacos não são biodegradáveis e levam séculos para se decompor na natureza. Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de cadeias moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisão quanto tempo levam para desaparecer no meio natural. No caso específico das sacolas de supermercado, por exemplo, a matéria-prima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina chamada polietileno de baixa densidade (PEBD).

No Brasil são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme, que já representa 9,7% de todo o lixo do país. Abandonados em vazadouros, esses sacos plásticos impedem a passagem da água, retardando a decomposição dos materiais biodegradáveis, e dificultam a compactação dos detritos.

Essa realidade que tanto preocupa os ambientalistas no Brasil, já justificou mudanças importantes na legislação - e na cultura - de vários países europeus. Na Alemanha, por exemplo, a plasticomania deu lugar à sacolamania (cada um levando sua própria sacola). Quem não anda com sua própria sacola a tiracolo para levar as compras é obrigado a pagar uma taxa extra pelo uso de sacos plásticos. O preço é salgado: o equivalente a sessenta centavos a unidade.

A guerra contra os sacos plásticos ganhou força em 1991, quando foi aprovada uma lei que obriga os produtores e distribuidores de embalagens a aceitar de volta e a reciclar seus produtos após o uso. E o que fizeram os empresários? Repassaram imediatamente os custos para o consumidor. Além de antiecológico, ficou bem mais caro usar sacos plásticos na Alemanha. Na Irlanda, desde 1997 paga-se um imposto de nove centavos de libra irlandesa por cada saco plástico. A criação da taxa fez multiplicar o número de irlandeses indo às compras com suas próprias sacolas de pano, de palha, e mochilas.

Em toda a Grã-Bretanha, a rede de supermercados CO-OP mobilizou a atenção dos consumidores com uma campanha original e ecológica: todas as lojas da rede terão seus produtos embalados em sacos plásticos 100% biodegradáveis. Até dezembro deste ano, pelo menos 2/3 de todos os saquinhos usados na rede serão feitos de um material que, segundo testes em laboratório, se decompõe dezoito meses depois de descartado. Com um detalhe interessante: se por acaso não houver contato com a água, o plástico se dissolve assim mesmo, porque serve de alimento para microorganismos encontrados na natureza. Não há desculpas para nós brasileiros não estarmos igualmente preocupados com a multiplicação indiscriminada de sacos plásticos na natureza.

O país que sediou a Rio-92 (Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente) e que tem uma das legislações ambientais mais avançadas do planeta, ainda não acordou para o problema do descarte de embalagens em geral, e dos sacos plásticos em particular. A única iniciativa de regulamentar o que hoje acontece de forma aleatória e caótica foi rechaçada pelo Congresso na legislatura passada. O então deputado Emerson Kapaz foi o relator da comissão criada para elaborar a "Política Nacional de Resíduos Sólidos". Entre outros objetivos, o projeto apresentava propostas para a destinação inteligente dos resíduos, a redução do volume de lixo no Brasil, e definia regras claras para que produtores e comerciantes assumissem novas responsabilidades em relação aos resíduos que descartam na natureza, assumindo o ônus pela coleta e processamento de materiais que degradam o meio ambiente e a qualidade de vida.

O projeto elaborado pela comissão não chegou a ser votado. Não se sabe quando será. Sabe-se apenas que não está na pauta do Congresso. Omissão grave dos nossos parlamentares que não pode ser atribuída ao mero esquecimento. Há um lobby poderoso no Congresso trabalhando no sentido de esvaziar esse conjunto de propostas que atinge determinados setores da indústria e do comércio.

É preciso declarar guerra contra a plasticomania e se rebelar contra a ausência de uma legislação específica para a gestão dos resíduos sólidos. Há muitos interesses em jogo.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Terremotos atingem Japão e provocam vazamento na maior usina do mundo

Globo Online, com agências internacionais
16/07/2007

TÓQUIO - Dois terremotos atingiram nesta segunda-feira a costa noroeste do Japão, provocando ao menos oito mortes e deixando mais de 800 pessoas feridas, além de 10 mil desabrigadas. O primeiro tremor, que atingiu 6,8 graus na escala Richter, provocou também vazamento de água contendo materiais radioativos na usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, a maior do mundo.

De acordo com Katsuya Uchino, representante da Tokyo Electric Power Company, que administra a usina, vazaram de uma de suas unidades 315 galões de água (cerca de 1.200 litros). O material teria alcançado o Mar do Japão, mas não tem efeito sobre o meio ambiente, segundo nota da empresa. Um incêndio num transformador da usina foi rapidamente controlado, mas ainda não se sabe quando a TEPCO poderá retomar o funcionamento de três geradores.

(...)

A usina que registrou o vazamento tem capacidade para produzir energia para cerca de 16 milhões de residências - todo o Japão possui 47 milhões. Kashiwazaki-Kariwa, que é administrada pela Tokyo Electric Power Company, só perde em capacidade de geração de energia para as três maiores hidrelétricas do planeta, entre elas Itaipu.

Leia o artigo completo

Assista ao vídeo da BBC com imagens da tragédia

domingo, 15 de julho de 2007

Servidores do Ibama retomam atividades na próxima semana, mas permanecem mobilizados

Agência Brasil, 13/07/2007
por Sabrina Craide


Brasília - Os servidores do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que estão em greve há dois meses, devem retomar as atividades na próxima semana. De acordo com o presidente da Associação dos Servidores do Ibama, Jonas Correa, não há motivo para permanecer em greve durante o recesso parlamentar, já que a causa da paralisação, que é a medida provisória que determina a divisão do órgão, está para ser votada no Congresso Nacional.

“A partir do movimento em que o governo encaminhou a medida provisória ao Congresso, a nossa concentração está toda no parlamento. Não faria sentido nós estarmos em greve com o parlamento em recesso. Optamos por reforçar o movimento nos estados, junto aos senadores, para discutir isso na plenária e, se for o caso, retomar o movimento com mais força no próximo semestre”, afirma o representante dos servidores.

Correa ressalta, no entanto, que os funcionários irão permanecer em estado de greve, ou seja, comparecerão aos postos de trabalho, mas continuarão mobilizados. “As atividades serão mantidas, mas todo mundo estará alerta para, a qualquer momento, voltar ao movimento”, explica.

Se a medida provisória for votada ainda na próxima terça-feira (17), antes do recesso parlamentar, que começa no dia seguinte (18), o grupo realizará uma nova assembléia para definir os rumos do movimento.

Jonas Correa acredita que o retorno dos servidores às atividades não irá mudar o ritmo de atividades no Ibama. “Não foi a greve dos servidores que travou as atividades do Ibama - é a medida provisória que trava. Isso vai ficar claro agora, porque nós vamos voltar às atividades, e as coisas não vão funcionar, porque é a medida que inviabiliza a gestão”, afirma.

Os servidores do Ibama inciaram a greve no dia 14 de maio, em protesto contra a Medida Provisória 366/07, que estabelece a divisão do órgão ambiental com a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu a divisão do Ibama, em audiência realizada terça-feira (10) na Comissão de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor do Senado, argumentando que a medida vai ampliar a gestão pública.

Motocicleta é movida inteiramente por energia solar

Fonte: Inovação Tecnológica
26/06/2007


A empresa espanhola Sunred apresentou o projeto completo de uma nova motocicleta elétrica movida inteiramente por energia solar. O desenho impressiona, ficando entre o inovador e o bizarro - quando todas as placas solares estão expostas, a moto fica parecida com um tatuzinho de jardim.

Motor elétrico nas rodas

Para um menor consumo de energia, o motor elétrico da moto solar foi colocado na roda, uma solução que já está sendo adotada nos projetos dos carros elétricos (veja Carros do futuro terão rodas inteligentes). A eliminação do sistema de transmissão, seja por corrente ou por cardã, aumenta a eficiência do conjunto de motorização e diminui o consumo de energia.

Para maximizar a energia capturada, as placas solares formam uma espécie de casulo retrátil. Os painéis solares só podem ser totalmente expostas com o veículo parado, atingindo uma área total de coleta da energia solar de 3,1 metros quadrados.

Moto solar

Os painéis solares totalmente expostos são capazes de capturar energia suficiente para oferecer uma autonomia para a moto solar de 20 km, a uma velocidade de 50 km/h. A empresa não informou a velocidade que a moto consegue atingir captando diretamente a energia solar, já que, para que o piloto se sente, é necessário retrair pelo menos uma das placas.

O controle de energia mereceu um destaque todo especial, com um sistema computadorizado gerando uma multiplicidade de informações. O piloto pode acompanhar tudo, da velocidade à energia disponível nas baterias, por meio de uma tela LCD de 6,4 polegadas, instalada no painel da moto solar.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Aquecedor solar de baixo custo

Projeto da CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina SA

Chernobyl - um retrato do desastre

Em tempos de retomada de investimentos em energia nuclear no Brasil, vale a pena (re)ver o filme "20 anos atrás: Chernobyl", sobre o desastre de Chernobyl e a campanha anti-nuclear do Greenpeace.
por Alexandre Montenegro, com informações da Discovery Channel

Na madrugada de 26 de abril de 1986, o reator número 4 da usina de energia nuclear Chernobyl explodiu em uma chama de cores que alcançou mil metros de altura no céu da Ucrânia.

Durante os oito meses posteriores a explosão da central nuclear, 800.000 jovens soldados, mineiros, bombeiros e civis procedentes de todas as regiões da antiga União Soviética trabalharam sem descanso para tentar moderar os efeitos da radioatividade, construir um sarcófago ao redor do reator acidentado e finalmente salvar o mundo de outra provável tragédia.

Todos eles estavam sendo guiados pelo temor a uma perigosa e possível reação em cadeia derivada da explosão inicial, cem vezes superior aos efeitos da bomba de Hiroshima.

Registrado como o pior acidente industrial e ambiental da história, a explosão de Chernobyl produziu uma chuva radioativa que pôde ser detectada na antiga União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia, Inglaterra e inclusive ao leste dos Estados Unidos. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e a atual Rússia foram altamente contaminadas.

Como resultado, 200 mil pessoas tiveram que ser evacuadas de seus lugares de origem. 60% do pó radioativo ficou concentrado no território da Bielorrússia.

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Vale a pena assistir no YouTube aos vídeos:
"Belarus - 20 Years After Chernobyl" e
"Chernobyl - revisited 20 years since the disaster".
(infelizmente, ambos estão em inglês, sem legendas)
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Título original do filme postado: 20 years ago: Chernobyl
Filme de Christoph Schwaiger
Animações 3D: Tanooki
Material de arquivo: Penninger archive
Música: Yap music
Produção: Yap films

IV Encontro de Cozinhas Solares (ECOSOL) em Portugal

por Alexandre Montenegro, com informações da agência Algarve Notícias

Neste sábado (14), o Campus da Universidade do Algarve, em Portugal, recebe o IV Encontro de Cozinhas Solares (ECOSOL).

Segundo Celestino Ruivo, membro-fundador da Associação Internacional de Cozinhas Solares, o propósito desta iniciativa é “promover o uso e as largas vantagens das cozinhas solares, além de fomentar a troca de experiências entre pessoas que usem estes equipamentos no seu cotidiano doméstico”.

As "cozinhas solares" permitem preparar alimentos com o calor recebido através da energia solar, a um baixo custo de construção.

Ambientalistas indignados com secretário do Meio Ambiente do RS

Nem o secretário Carlos Otaviano Brenner de Moraes e nem a diretora-presidente da Fepam, Ana Pellini, compareceram à audiência marcada há um mês com as ONGs.

EcoAgência de Notícias, por Ulisses A. Nenê

Porto Alegre, RS – “Que palhaçada”, desabafou no elevador da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) uma das ambientalistas do grupo que esperava encontrar o secretário Carlos Otaviano Brenner de Moraes, ontem à tarde. “Mandou o terceiro escalão nos receber, essa é a nova maneira de governar”, completou outro ecologista, também revoltado com a falta do secretário e da diretora-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ana Pellini, à audiência que estava marcada para quinta-feira, às 14h, na secretaria.

Dia 13 de junho, representantes das ONGs que integram a Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (Apedema) tiveram audiência com Brenner de Moares e Ana Pellini, na qual entregaram um documento oficial com as reivindicaçãoes do movimento ecológico, e ontem foram buscar as respostas. A principal delas diz respeito ao pedido de uma audiência pública em Porto Alegre para discussão do zoneamento ambiental da silvicultura.

Estavam juntos representantes da CUT, Via Campesina e Semapi, o sindicato que congrega os Servidores da Fepam, mais ONGs ambientais, num total de 15 pessoas. Foram recebidos por um assessor técnico do secretário, Artur Renato Albeche Cardoso, e Liliane Cafruni, da secretaria executiva do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). Ele justificou que o secretário foi chamado pela governadora “e quando a governadora chama, tem que ir”, acrescentou. Sobre a presidente da Fepam nada referiu.

A reação dos ecologistas foi indignada. “É um grande desapontamento este tratamento que está sendo dado à Apedema pela Secretaria do Meio Ambiente”, assinalou Vicente Medáglia, da ONG Ingá. Ele observou que há dois meses foi protocolado um requerimento solicitando a audiência pública na capital, há um mês ocorreu a reunião com o secretário e a presidente da Fepam, e até hoje as respostas a essa e outras questões não vieram, com exceção da confirmação do Núcleo Amigos da Terra – Brasil (NAT) em uma das vagas do Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Ação Judicial

Se a resposta oficial ao pedido de audiência pública, por escrito, for mesmo negativa, como chegou a dizer Ana Pellini em junho, o movimento vai entrar com ação judicial para garantir sua realização, com base na Constituição Federal e o Código Estadual do Meio Ambiente, adiantou Medáglia. Mesmo sem o secretário, eles questionaram o que está sendo feito pela atual administração para reforçar a Sema e a Fepam. Segundo as ONGs, as sinalizações são todas no sentido da flexibilização das normas ambientais e o enfraquecimento destes órgãos.

Citaram como exemplo o pedido da Sema para que a Fundação Estadual de Economia e Estatística (FEEE) analise do ponto de vista social e econômico o estudo de zoneamento ambiental da Fepam. A função da Fepam e da Sema é garantir o respeito às normas ambientais, enfatizaram. A diretora do Semapi Sirlei Haubert lembrou, ainda, que o zoneamento já contém a análise de variáveis sócio-econômicas, com dados fornecidos pelo IBGE.

Também foram muito criticadas as audiências públicas realizadas no interior para discussão do zoneamento. “As audiências públicas sobre o zoneamento ambiental para a silvicultura no RS foram uma farsa patrocinada pelos defensores dos eucaliptos. Os encontros realizados em Pelotas, Alegrete, Santa Maria e Caxias do Sul, no mês de junho, tiveram boa parte do público presente financiado pelos interessados (as papeleiras) em faturar com esta monocultura”, diz um documento deixado para ser entregue ao secretário, assinado pela Apedema, NAT, CUT, Ingá, Via Campesina, Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra, CUT e Semapi.

A secretária de Políticas Sociais da CUT, Regina Abrahão, relatou que embora chegando às 17h para uma das audiências, realizadas à noite, não conseguiu se manifestar nos debates, além de passar por constrangimentos e ameaças do pessoal arregimentado pela Força Sindical para apoiar as papeleiras. Ela ofereceu à Sema um estudo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócios Econômicos (Dieese) que nega todos os benefícios apregoados pelas papeleiras com o plantio de eucaliptos.

Manobras protelatórias

“Por que não realizar a audiência em Porto Alegre? Por que tanto medo?”, questionou Maria Conceição Carrion, do Núcleo Amigos da Terra. “Está parecendo que a Sema está passando por cima de tudo (legislação ambiental), há um desencantamento muito grande com a política ambiental da secretaria”, reforçou. Para ela, o governo vem usando de manobras protelatórias para impedir a participação efetiva da sociedade nessa discussão.

Um tanto constrangido, desculpando-se pela falta de informações sobre os temas, o assessor técnico garantiu que buscará as respostas solicitadas junto ao secretário. “Tem questões que precisam ser respondidas e não vejo porque não respondê-las”, ponderou. Segundo ele, nem a contratação de 500 funcionários resolveria as deficiências da Fepam. Mas quando os presentes disseram que este seria um bom começo, ressaltou, preocupado, que estava falando apenas de forma hipotética.

À saída, na calçada em frente ao prédio da Sema, debaixo do céu nublado e com o vento gelado soprando da direção do cais do porto, ali próximo, ecologistas e sindicalistas ferviam de indignação. Rapidamente decidiram fazer uma reunião e organizar alguma forma de protesto ao que consideram uma grande desconsideração da Sema e do governo ao mais antigo movimento ambientalista do país. Como lembrou Maria Conceição Carrion, foi este movimento que proporcionou a criação da Sema, embora nem sempre seja conduzida como se espera de um órgão ambiental.

Sergipe pode ganhar uma usina eólica em Japaratuba

CINFORM, 10 de Julho de 2007
Por Cícero Mendes


A indústria eólica é a que mais cresce no mundo e sua consolidação deverá reduzir os custos, ainda altos, da energia fornecida pelos ventos. Procurada pelo assessor em ciências políticas e cooperação internacional da empresa alemã Sowitec, Hudson Cavalcante Filho, a deputada estadual Conceição Vieira, PT, e o assessor parlamentar Edmilson Araújo mantiveram o primeiro contato com o representante da empresa, a fim de intermediar o assunto para que o Estado possa desenvolver esse tipo de energia.

Hudson esteve em Sergipe no último dia 21 de junho e visitou os municípios de Japaratuba e Pirambu para conhecer de perto as terras pesquisadas através de satélite e mapas fotográficos. O país líder na utilização de energia eólica é a Alemanha, com 20 mil megawatts instalados. Em seguida vêm os Estados Unidos, a Índia e a China, que em um único ano instalou 1,2 mil megawatts.

Segundo Hudson, caso a hipótese das pesquisas em relação ao potencial nessa região seja confirmada, a alemã Sowitec pretende instalar usinas em terras que serão arrendadas pela empresa, cujo proprietário receberá anualmente pelo arrendamento cerca de US$ 2.500, algo em torno de R$ 5 mil. No povoado Sapucaia, em Japaratuba, seria instalada uma usina com 75 turbinas com diâmetro de 5 metros cada.

Por que o interesse nesse tipo de energia? O preço do megawatts/hora da energia gerada por usinas termoelétricas ou hidroelétricas é de R$ 120; já a gerada por usina eólica fica em R$ 232. A energia nuclear fica em torno de R$ 140. Segundo estudiosos, embora o preço da energia eólica seja alto, porque não há uma indústria consolidada desse tipo de energia, a situação pode mudar com rapidez, uma vez que a instalação de usinas eólicas é muito rápida.

Hudson aposta que o estímulo ao setor pode modificar a realidade dos preços. Em contrapartida, o Estado recolherá mais impostos e o município proporcionará mais empregos e renda. As pesquisas e a exploração de fontes alternativas de energia também têm recebido variadas formas de estímulo por parte do Governo Federal. “A energia a ser produzida em Sergipe pela Sowitec terá comercialização para um cliente garantido, porque até o ano de 2010 a Nação terá que produzir 3.500 megawatts”, comenta Hudson.

Ele lembra que com os problemas causados pelo aquecimento global e, conseqüentemente, a degradação da natureza, a saída é encontrar fontes alternativas para a produção de energia. O senador Delcídio Amaral, PT, chamou a atenção dos colegas para o potencial de geração de energia eólica. O parlamentar aponta que o Nordeste tem um grande potencial pela quantidade de ventos, mas pouca água, e o mais adequado seria o uso dessa energia.

Mitigação preventiva

Para Luiz Pinguelli Rosa, coordenador do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, apesar de o Brasil não ter obrigação de reduzir gases de efeito estufa, são necessárias novas políticas energéticas para evitar emissões desnecessárias

Agência FAPESP
Por Thiago Romero, de Belém


Agência FAPESP – “O Brasil, assim como os demais países em desenvolvimento, não tem obrigação de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Isso porque o consumo de energia per capita é muito baixo se comparado ao dos países desenvolvidos”, disse Luiz Pinguelli Rosa, coordenador-geral do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, na 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém.

Mas, logo em seguida, Pinguelli Rosa criticou o padrão de consumo “extremamente desigual” da população brasileira. “Enquanto a classe média e alta consome muita energia, o povo em geral sobrevive com pouca. As emissões das classes média e alta estão protegidas pela pobreza da grande maioria da população brasileira”, ressaltou o professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo Pinguelli Rosa, em 2004 a emissão per capita dos Estados Unidos e do Canadá foi de 27 toneladas de dióxido de carbono (CO2), enquanto a América Latina emitiu 8 toneladas, e a África, 4 toneladas.

O crescimento mundial de emissões de gases de efeito estufa foi de 70% entre 1970 e 2004, sendo que as emissões de CO2 cresceram 80% no período e representavam, em 2004, 77% das emissões causadas por atividades humanas. O maior crescimento das emissões no período ficou com o setor de energia (145%), seguido de transportes (120%), indústria (65%) e de usos da terra e desmatamento (40%).

O ex-presidente da Eletrobrás lembrou que o Brasil tem vantagens comparativas graças às energias renováveis disponíveis em sua matriz energética, como a hidreletricidade, o álcool, o carvão vegetal e o bagaço-de-cana, e também devido à existência de políticas do governo, como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.

“Esses programas visam a reduzir ou a evitar a emissão de gases do efeito estufa, uma vez que a grande contribuição brasileira para a emissão não ocorre por conta do consumo de energia, mas pelo desmatamento”, afirmou. Segundo ele, ainda que o Brasil não tenha obrigação de reduzir as emissões, a mudança do clima é um problema global e, evidentemente, também brasileiro.


Rede de pesquisas

O fórum coordenado por Pinguelli Rosa encaminhou no primeiro semestre ao governo federal um conjunto de sugestões para a criação do Plano Nacional de Ação de Enfrentamento das Mudanças Climáticas. O objetivo é promover ações coordenadas entre diferentes ministérios e a criação de uma Rede Brasileira de Pesquisas em Mudanças Climáticas, que seria conduzida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e composta por pesquisadores que abordariam temas como mitigação, vulnerabilidade e adaptação.

Entre as sugestões do plano estão a definição de metas de redução da taxa de desmatamento e queimadas, a criação de políticas de conservação dos ecossistemas para a mitigação das emissões, a vinculação da aferição obrigatória dos níveis de emissões veiculares ao licenciamento anual dos veículos, o fomento à expansão do transporte coletivo não-rodoviário, a consolidação de políticas nacionais de eficiência energética e a criação de um programa de incentivos para a diminuição da emissão nas unidades de produção das indústrias nacionais.

O mais importante nesse cenário, segundo o também coordenador do Programa de Planejamento Energético da Coppe, é a definição de metas para a redução nas taxas de desmatamento, uma vez que o Brasil teve contribuição significativa no crescimento de 40% das emissões mundiais causadas pelos usos da terra, de 1970 e 2004.

“A criação desse tipo de meta é um tema polêmico. Apesar de a própria Secretaria de Mudanças Climáticas, recém-criada no Ministério do Meio Ambiente, ter se manifestado em dúvida quanto a esse ponto, eu acho isso perfeitamente possível”, afirmou.

“O ideal seria criar metas percentuais de redução em um período de até três anos, para depois redefinir objetivos para os anos seguintes. Essa seria a maior contribuição do Brasil para a mitigação do aquecimento global”, destacou Pinguelli Rosa.

As propostas para a criação do Plano Nacional de Ação de Enfrentamento das Mudanças Climáticas deverão passar ainda pelos ministérios da Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores, Minas e Energia e pela Casa Civil.