terça-feira, 4 de setembro de 2007

Procurador apura violência contra ambientalistas

Blog do Josias, 04/09/2007


No detalhe, localização do município de Juína (MT)


A Polícia Federal receberá nos próximos dias um ofício do procurador da República Mário Lúcio Avelar, de Mato Grosso. Ele decidiu abrir inquérito policial para apurar o caso ocorrido no município de Juína (MT).

Conforme noticiado aqui no blog, o prefeito, o presidente da Câmara Municipal e fazendeiros da cidade constrangeram, ameaçaram e expulsaram um grupo de nove ambientalistas e jornalistas que pretendiam visitar a aldeia dos índios Enawene Nawe.

Mário Lúcio recebeu cópia de um vídeo com cenas do que se passou em Juína no último dia 20 de agosto. Está convencido de que houve “crime”. Ele diz: “Não há dúvida de que estamos diante de um caso de ameaça e constrangimento ilegal”.

Concluído o inquérito, o procurador pretende mover uma ação judicial contra os responsáveis. Cogita acusar o prefeito e o presidente da Câmara de Vereadores de Juína - Hilton Campos (PR,ex-PL) e Francisco Pedroso (DEM), respectivamente - da prática de improbidade administrativa.

“É certo que moveremos a ação”, disse Mário Lúcio ao blog. “Quero estudar direitinho o caso, para ver se é cabe também a acusação de improbidade administrativa. Há, em princípio, indícios muito fortes. Entendo que um prefeito e um vereador adotar um comportamento daquele, participando de um ato de constrangimento ilegal, viola os princípios da administração pública. Eles incitaram a violência. E não podem fazer uma coisa dessas”.

Atraídos até Juína pela notícia de um conflito de interesses entre fazendeiros e índios, dois jornalistas franceses e seis ambientalistas do Greenpeace e da Opan (Operação Amazônia Nativa) foram conduzidos à Câmara Municipal da cidade. Ali, sob aplausos de cerca de cinco dezenas de fazendeiros, foram informados pelo prefeito e pelo vereador de que não lhes seria permitido visitar os índios.

Devolvido ao hotel, o grupo foi submetido à vigilância dos fazendeiros. Em seguida, foi escoltado até a escada do avião que os levou até Cuiabá (MT). Na capital mato-grossense, os banidos de Juína reportaram o fato ao procurador Mário Lúcio e ao governador Blairo Maggi.

Maggi, produtor de soja e presidente estadual do mesmo PR que dá guarida ao prefeito de Juína, limitou sua reação a uma reprovação retórica. Quanto a Mário Lúcio, espera que o inquérito da PF seja breve. “Não tem nenhuma razão para demorar. Os fatos são claros. Tem as imagens. É só ouvir as pessoas, qualificar e estará tudo pronto para a propositura da ação”.

Se o procurador estiver certo, logo, logo o poder político e econômico será informado de que Juína não é uma terra sem lei. Tomara!

Escrito por Josias de Souza

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