segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Governo Requião coleciona denúncias sem respostas

Investigações não andam ou não têm resultados
Portal Bem Paraná, 28/10/2007
por Juliana Sartori


O governador Roberto Requião tem no discurso de combate implacável à corrupção na administração pública uma das marcas de sua trajetória política. Mas, quando o assunto são as denúncias de desvio de recursos ou irregularidades contra sua própria gestão, a prática é outra. Boa parte das acusações ficam sem resposta, são abafadas, e as investigações não andam ou não têm resultado prático.

A lista inclui denúncias vindas de dentro do próprio governo, onde em muitos casos o resultado tem sido o afastamento do denunciante. Os mais recentes exemplos envolvem órgãos como as Centrais de Abastecimento do Paraná S.A. (Ceasa) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

No início da semana, a imprensa registrou que a diretora Administrativo-Financeira da Ceasa, Sandra Turra, teria pedido demissão por não ter conseguido implantar as mudanças para moralizar o órgão. Em 2005, o procurador do Estado, Luiz Henrique Bona Turra, também foi demitido pelo governador Requião, seis meses após denunciar o suposto superfaturamento nas compras do programa Leite das Crianças e outras irregularidades, como problemas em contratos da Copel, e a falta de licitações para a concessão de linhas de transporte rodoviário.

O IAP foi manchete nos jornais também nessa semana porque a ex-diretora do Instituto em Ponta Grossa, Elma Romanó, foi acusada de participar de esquema de autorizações irregulares para corte de araucária na região. No entanto, também foi noticiado que a própria diretora acusada foi, na realidade, quem fez a denúncia sobre os cortes ilegais no Ministério Público, em junho desse ano. O advogado de Elma Romanó, Dálio Zippin Filho, declarou que o governo Requião estaria se especializando em “degolar funcionários que apontam os podres da administração estadual”.

CPI — Mas a lista de casos mal explicados no governo Requião, em que as investigações não avançaram ou as denúncias foram abafadas é longa, e inclui também a Sanepar, Secretaria do Trabalho e Porto de Paranaguá. A má vontade do Executivo em dar explicações quando é investigado levou a bancada de oposição, liderada pelo deputado Valdir Rossoni (PSDB), a propor a instalação da CPI da Corrupção na Assembléia Legisltiva, no último dia 16. “A intenção é juntar todas as denúncias e utilizar essa ferramenta para dar as respostas para a sociedade”, explica o deputado Marcelo Rangel (PPS), autor da proposta da criação da CEI da Publicidade, que terminou sem resultado por ação da bancada governista.

Segundo Rangel, o governo Requião, quando confrontado, em vez de se explicar inicia ataques àqueles que cobram investigações. “Quando há denúncia, em vez de mostrar transparência, o governo se recusa a passar informações. Nós somos obrigados a pedir os requerimentos na Justiça”, explica.

Além disso, o deputado disse que a “máquina do governo” existente na Assembléia trabalha diariamente para impedir qualquer tipo de trabalho de investigação. “Acho que quem não deve não teme, por isso nossa desconfiança só aumenta”, diz.

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