sexta-feira, 13 de julho de 2007

Chernobyl - um retrato do desastre

Em tempos de retomada de investimentos em energia nuclear no Brasil, vale a pena (re)ver o filme "20 anos atrás: Chernobyl", sobre o desastre de Chernobyl e a campanha anti-nuclear do Greenpeace.
por Alexandre Montenegro, com informações da Discovery Channel

Na madrugada de 26 de abril de 1986, o reator número 4 da usina de energia nuclear Chernobyl explodiu em uma chama de cores que alcançou mil metros de altura no céu da Ucrânia.

Durante os oito meses posteriores a explosão da central nuclear, 800.000 jovens soldados, mineiros, bombeiros e civis procedentes de todas as regiões da antiga União Soviética trabalharam sem descanso para tentar moderar os efeitos da radioatividade, construir um sarcófago ao redor do reator acidentado e finalmente salvar o mundo de outra provável tragédia.

Todos eles estavam sendo guiados pelo temor a uma perigosa e possível reação em cadeia derivada da explosão inicial, cem vezes superior aos efeitos da bomba de Hiroshima.

Registrado como o pior acidente industrial e ambiental da história, a explosão de Chernobyl produziu uma chuva radioativa que pôde ser detectada na antiga União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia, Inglaterra e inclusive ao leste dos Estados Unidos. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e a atual Rússia foram altamente contaminadas.

Como resultado, 200 mil pessoas tiveram que ser evacuadas de seus lugares de origem. 60% do pó radioativo ficou concentrado no território da Bielorrússia.

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Vale a pena assistir no YouTube aos vídeos:
"Belarus - 20 Years After Chernobyl" e
"Chernobyl - revisited 20 years since the disaster".
(infelizmente, ambos estão em inglês, sem legendas)
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Título original do filme postado: 20 years ago: Chernobyl
Filme de Christoph Schwaiger
Animações 3D: Tanooki
Material de arquivo: Penninger archive
Música: Yap music
Produção: Yap films

4 comentários:

Tobias Amorim disse...

Triste de ver que o Brasil quer novamente investir em uma tecnologia de tamanha potencialidade de desastre. Ainda mais apos o acidente recente na Suecia e dois acidentes mais recentes na Alemanha nas usinas nuclear de Brunsbüttel e Krümmel, ao leste de Hamburgo, felizmente nao houve escape de radiacao, segundo os responsaveis.

Mais triste é pensar que, devido aos problemas politicos enfrentados no Alamanha pelas empresas produtoras de equipamentos para usinas nucleares, esteja novamente se tentanto "empurrar" para o Brasil, aquilo que a sociedade alema rejeitou. Enquanto isso, nossa populacao assiste a "palhaçada" pacivamente pela TV.
Ao invez de se espelharem na EEG, lei de incentivo as fontes de energia renováveis e aproveitar o imenso potencial que temos para producao de energia solar, energia eolica e principalmente, atraves da reciclagem de restos e lixo organicos a producao de biogás, preferimos gastar novamente milhoes para comprar uma tecnologia com um alto potencial destrutivo, a qual so vira a trazer divisa ao exterior ao invez de gerar inumeros postos de trabalho pela dessiminacao de sistemas descentralizados.

Alexandre disse...

Sobre o incidente na Suécia, citado pelo tobias, no comentário acima:


Incidente nuclear na Suécia ocorre às vésperas do aniversário de Hiroshima e Nagasaki
03 de Agosto de 2006
http://www.greenpeace.org/brasil/nuclear/noticias/incidente-nuclear-na-suecia-oc

São Paulo, SP, Brasil — Passados 61 anos da explosão das bombas atômicas no Japão, reatores suecos param após grave problema.
Brasil insiste em correr os riscos da energia nuclear.


Defeito desconhecido que quase causa gravíssimo acidente na usina nuclear de Forsmark, na Suécia, expõe novamente a insegurança desta tecnologia. Governo sueco determina o fechamento dos quatro reatores, cujas falhas ocorreram no sistema reserva de suprimento de energia, o que poderia ter causado sua explosão e uma catástrofe radioativa. “Infelizmente, o problema não se restringe apenas a esses quatro reatores na Suécia. Incidentes similares vêm acontecendo em diferentes tipos de reatores, sendo urgente uma investigação em todos os 443 reatores atômicos em atividade, que estão espalhados por 31 países”, disse Jan Vande Putte, coordenador da campanha contra energia nuclear do Greenpeace Internacional.

O incidente na Suécia ocorreu poucos dias antes do aniversário de 61 anos das explosões das bombas nucleares sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que ocorreram respectivamente nos dias 06 e 09 de agosto de 1945. O saldo trágico desse aniversário é dezenas de milhares de vidas humanas perdidas instantaneamente após as detonações, e outras dezenas de milhares, nos meses e anos seguintes. Os fatos impressionam: mais de 300 mil mortos, a destruição total das duas cidades e uma demonstração real do poder de destruição em massa desse tipo de armamento, que deve ser completamente abolido. A ameaça nuclear continua com cerca de 30 mil armas nucleares em nove países (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Israel, Índia, Paquistão e Coréia do Norte).

Ainda assim o Programa Nuclear Brasileiro considera a possibilidade de construir Angra 3 e outras seis usinas: duas de grande porte, capazes de gerar 1300 MW, e quatro pequenas, com até 500 MW. O custo seria de mais de R$ 30 bilhões até 2022 e não inclui ainda o plano de construção de um submarino atômico, que está em projeto.

Hoje, o Brasil possui 2 usinas nucleares (Angra 1 e Angra 2) e, em 05 de maio deste ano, poucos dias após o aniversário de 20 anos do acidente de Chernobyl, inaugurou uma usina de enriquecimento de urânio. O urânio enriquecido pode ser usado tanto na produção de combustível para usinas nucleares quanto na fabricação de bombas atômicas.

Em março, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados aprovou relatório que mostra graves problemas de segurança nuclear no Brasil. Uma das questões apontadas pelo documento oficial é a contraditória duplicidade de funções da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que deve ao mesmo tempo incentivar e fiscalizar o setor. O relatório também alerta para problemas no plano de emergência das usinas, inexistência de fiscais e de normas de fiscalização e punição para irregularidades, tratamento improvisado para o lixo nuclear e a falta de acesso público à informação.

“A energia nuclear é cara, suja, perigosa e ultrapassada, e no aniversário das tragédias de Hiroshima e Nagasaki o Governo Federal deve parar de desperdiçar dinheiro público no Programa Nuclear e interromper as operações de Angra 1 e 2”, afirmou Guilherme Leonardi, coordenador da campanha do Greenpeace contra energia nuclear. “O Brasil deve seguir a tendência mundial de países como Espanha, Alemanha, Suécia, Bélgica e Cuba, abandonando a energia atômica e utilizando seu imenso potencial para energias limpas e seguras como eólica e solar, capazes de suprir toda a demanda nacional de energia”, acrescentou.

Tobias Amorim disse...

Se nao era para acabar, teve hoje, com o ocorrido de um terremoto no japao, o vazamento de radiacao de um reator nuclear. Os reponsáveis dizem que a quantidade de radiacao liberada nao é considerada perigoza.

Anônimo disse...

O acidente em Chernobyl matou cerca de 100 mil pessoas. Algumas comparações demonstram que este é o número médio de mortos nas minas de carvão a cada dois anos na China. Porém o impacto social e econômico do acidente talvez seja ignorado até hoje. O acidente ocorreu num momento em que a URSS tentava aumentar suas exportações de petróleo para compensar a queda nos preços (desde 1985) e para isso passou a utilizar as usinas nucleares na capacidade máxima.

Além dos mortos o desastre provocou o colapso da produção agrícola do ano de 1986, que foi parcial ou totalmente destruída. Não nos esqueçamos que o acidente foi na Ucrânia, o coração agrícola da então União Soviética, e que parte significativa da produção de grãos do país foi contaminada por radiação. O país que exportava trigo passou a ter que importar. Numa economia planejada isto significou racionamento de gêneros alimentícios.

A partir daí temos as famosas imagens de centenas de pessoas nas filas para comprar pão ou das prateleiras de supermercados vazias.

Ao mesmo tempo o país teve que reduzir o uso das usinas nucleares, e começou a faltar energia. A economia soviética que já vinha sendo consumida pela Guerra no Afeganistão desde 1979, quebrou.

Claro que o acidente de Chernobyl não é a única causa, mas foi determinante na crise e posterior esfacelamento da própria União Soviética. E fica a questão: se a segunda maior potência mundial não suportou os efeitos de um acidente nuclear deste porte, quais seriam as consequências para países subdesenvolvidos?