quinta-feira, 24 de julho de 2008

Messias do Ibama trouxe más notícias: sai licença ambiental de Angra 3

Fonte: Greenpeace Brasil

Brasília (DF), Brasil - O aval técnico do órgão para a construção da terceira usina nuclear brasileira é uma afronta à Constituição Federal e ao contribuinte brasileiro, que pagará os bilhões dessa conta.

Roberto Messias, novo presidente do Ibama, mal chegou e já trouxe más notícias aos brasileiros: Angra 3 ganhou licença ambiental prévia e suas obras poderão ser iniciadas. Na tentativa de justificar tamanho descalabro, o governo fez uma lista de 60 condicionantes à Eletronuclear, empresa responsável pelo projeto. Mas por mais benéficas que sejam as exigências, como o investimento na manutenção do Parque Nacional da Serra da Bocaina e no saneamento básico de Angra dos Reis e Paraty, elas não compensam a construção de uma terceira usina nuclear na região.

Em protesto contra a má notícia, ativistas do Greenpeace foram à Brasília e colocaram em frente ao prédio do Ministério do Meio Ambiente um grande retrato do presidente da instituição responsabilizando-o pela desastrosa decisão.

Você também pode protestar, enviando um email ou um SMS para o presidente do Ibama, Roberto Messias. Clique aqui e saiba como.

"Aprovar o projeto de construção de Angra 3 é um retrocesso para o país e uma vergonha para o Ibama. Roberto Messias entra para a história como o homem que assinou a licença de um elefante branco radioativo, e Minc, opositor da energia nuclear, como o ministro que lavou as mãos para o fato", lamentou Ricardo Baitelo, da campanha de energia do Greenpeace.

Além disso, a retomada das obras da usina é uma afronta à Constituição Federal, que exige a discussão e aprovação desse tipo de projeto pelo Congresso Nacional, e também uma afronta ao contribuinte brasileiro, que terá seu dinheiro investido na opção energética mais cara, perigosa e poluente sem ao menos ter sido consultado a respeito.

Enquanto o programa nuclear retoma seus passos no Brasil, na Europa quem renasce é o fantasma radioativo. Dois vazamentos ocorridos em usinas atômicas francesas este mês colocaram em xeque a indústria nuclear do país, tida pelos defensores da tecnologia como exemplar para o mundo. Os acidentes que provocaram a contaminação radioativa de rios, impedindo o consumo de suas águas, são emblemáticos da falta de segurança da energia nuclear.

Em abril de 2008, o Ministério Público Federal (MPF) em Angra dos Reis encaminhou recomendação formal ao Ibama apontando graves falhas no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do empreendimento e exigiu a identificação de um local definitivo para a disposição dos rejeitos radioativos, sem o qual não seria concedida a licença prévia.

Até hoje, o lixo radioativo gerado por Angra 1 e 2 vem sendo estocado dentro das usinas, e com a entrada em operação de Angra 3 esse problema deverá se agravar. O IBGE constatou, em seu relatório sobre “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2008”, que apesar de produzir 13.775 metros cúbicos de resíduos radioativos por ano, o Brasil ainda não tem depósitos finais para encaminhar esse material perigoso.

Com os mesmos recursos previstos para a construção de Angra 3, cerca de R$ 8 bilhões, seria possível instalar um parque de turbinas eólicas com o dobro da potência em no máximo um terço do tempo (2 anos), gerando 32 vezes mais empregos.

Saiba mais com o relatório A Caminho da Sustentabilidade Energética.

Dados recentes do Programa de Conservação de Eletricidade (Procel) indicam que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência energética gera uma economia de 7.400 MW - ou o equivalente a 5,5 vezes a potência de Angra 3.

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