quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Atrasos na construção de reator finlandês comprova falta de transparência da indústria nuclear

Finlândia - Obra, que deveria custar 2,5 bilhões de euros, já consumiu mais de 4 bilhões em investimentos

Greenpeace

Os atrasos na construção do reator número 3 da usina nuclear de Olkiluoto, na Finlândia, anunciados nesta sexta, comprovam novamente que a energia nuclear é uma opção cara, perigosa e divergente das reais soluções no combate às mudanças climáticas. Os atrasos são resultantes de problemas no reforço da estrutura do reator – exigido para que este possa resistir a impactos como o de queda de um avião. Olkiluoto é o único exemplo de um Reator de Água Pressurizada (EPR), símbolo do renascimento da energia nuclear.

“A indústria nuclear diz que se modificou e que o EPR é um símbolo da capacidade de se fornecer uma energia de baixo-custo que não emite CO2. Os atrasos na construção de Olkiluoto demonstram que esse novo formato carrega consigo os mesmos velhos problemas: complicações, custos progressivos, questões crônicas de segurança e a falta de transparência”, disse o coordenador da campanha de Nuclear do Greenpeace Internacional, Jan Beránek. Os projetistas do reator sabiam, desde 2001, que ele deveria ser resistente a ataques aéreos. E quando a construção do reator foi autorizada, a população finlandesa foi falsamente informada de que o projeto já estava dentro dessas normas.

A companhia responsável pela construção, TVO, também estimou que o reator de 1600 MW custaria 2,5 bilhões de euros e levaria quatro anos para ser finalizado. Os custos já superam 4 bilhões de euros e as obras estão atrasadas em dois anos, pelo menos. A proposta era não utilizar subsídios públicos, mas, na realidade, a construção está sendo paga por impostos de contribuintes franceses e suecos, além de um pequeno percentual vindo de bancos estatais.

A proposta de Revolução Energética do Greenpeace mostra claramente que as necessidades energéticas mundiais podem ser supridas por meio de renováveis e medidas de eficiência, sem que seja necessário recorrer à energia nuclear. “Os outros governos precisam dar atenção aos avisos do fiasco de Olkiluoto. O poder nuclear é um caro desvio das reais soluções contra as mudanças do clima. Não devemos gastar mais tempo nem dinheiro nessa aventura mortal do século 20”, afirmou Beránek.

O Greenpeace reivindica que as companhias envolvidas, TVO e STUK façam imediatamente a lista de problemas de qualidade e de segurança na construção do reator de Olkiluoto. Existem até agora 1500 defeitos listados e muitos componentes cruciais para a segurança da usina foram remanufaturados ou reparados.

Um comentário:

Tobias Amorim disse...

Com 4 bilhoes de EURO seriam possiveis produzirem 1420 MWp de paineis fotovoltaicos, os quais, além de nao possuirem custos adicionais com combustiveis, sao a princípio totalmente inofensivos ao meio ambiente :)