quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Prorrogadas inscrições para o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia 2009

Fonte: Agência Petrobras de Notícias

O prazo final de inscrição para o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia 2009 foi prorrogado até o dia 11 de setembro. Já a data-limite para o envio dos projetos e da documentação pelos Correios é 18 de setembro. Os interessados poderão inscrever mais de um projeto em cada categoria.

Criado para incentivar ações de eficiência energética que contribuam para a melhoria das condições de vida das pessoas e para o desenvolvimento sustentável do Brasil, o prêmio traz como novidade neste ano o lançamento de um site exclusivo. No endereço www.PremioConservacaoEnergia.gov.br, os interessados podem fazer sua inscrição e obter informações sobre critérios, categorias e novidades do Prêmio, que está em sua 13ª edição.

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), coordenado pela Eletrobrás, e o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet), coordenado pela Petrobras, são os responsáveis pela realização do prêmio, instituído pelo Ministério de Minas e Energia em 1993. Como nos anos anteriores, a premiação será dividida em seis categorias: Edificações, Empresas do Setor Energético, Imprensa, Indústrias, Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) e Órgãos e Empresas da Administração Pública.

A empresa pública ou privada que apresentar o melhor projeto de eficiência energética na área de saneamento ganhará Menção Especial na categoria "Órgãos e Empresas da Administração Pública". Já os projetos específicos do Programa Reluz, poderão concorrer à Menção Especial para melhor projeto de iluminação pública na categoria Empresas do Setor Energético.

Os principais critérios de avaliação para a escolha dos projetos premiados são o potencial de replicação das medidas implementadas, a redução do consumo de insumos energéticos utilizados nos processos, a redução da demanda de energia, os benefícios ambientais, a disseminação interna dos conceitos implementados e a conscientização da comunidade. Os projetos e a documentação deverão ser enviados pelos Correios até 18 de setembro. A cerimônia de entrega dos prêmios está prevista para novembro.

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e o Serviço de apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também participam do Prêmio, que tem o apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional de Petróleo (ANP), da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), de profissionais de instituições de ensino e financeiras e de especialistas nas áreas de energia elétrica, petróleo e conservação de energia.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Gripe Suína: Muito mais que uma pandemia

As novas técnicas de produção e empresas como a multinacional Smithfield Foods, com filiais no México, confinando milhões de porcos em enormes chiqueiros, são consideradas por epidemiologistas uma verdadeira bomba-relógio, facilitando a disseminação e mutação de novos vírus em larga escala

POR IGNACIO RAMONET*
Le Monde Diplomatique Brasil, Junho 2009 [reproduzido sob autorização]




Na margem texana do largo vale do rio Grande, a dois passos da fronteira com o México, situa-se Harlingen. Nessa pequena e aprazível cidade americana, no dia 5 de maio passado, faleceu Judy Trunnell, jovem professora de 33 anos que acabara de dar à luz uma menina radiante e saudável. “Era uma pessoa maravilhosa que se dedicava à educação de crianças deficientes”, declararam seus familiares e amigos no funeral [1].
Quis o destino que Judy fosse a primeira americana a falecer com o vírus da nova gripe, chamada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de A (H1N1). Um nome asséptico para evitar o uso de “gripe mexicana”, que contraria as autoridades daquele país, ou “gripe suína”, que incomoda os grandes industriais da carne de porco.
Sem se deixar distrair por essa astúcia terminológica, o marido de Judy, Steven Trunnell, interpôs perante um tribunal, no dia 11 de maio passado, uma ação contra a mais importante empresa produtora de carne suína do mundo: a Smithfield Foods Inc. Essa multinacional possui uma filial mexicana, a Granjas Carroll, que conta com gigantescos criadouros de porcos próximo de um pequeno povoado de 3 mil habitantes, La Gloria, no estado mexicano de Veracruz.

Ação de perdas e danos
O advogado de Steven Trunnell, Marc Rosenthal, revelou que a companhia possui mais de um milhão de porcos amontoados em aproximadamente 200 chiqueiros situados no vale de Perote. De acordo com ele, os habitantes locais queixam-se do cheiro fétido e das péssimas condições de higiene do local. E Marc Rosenthal [2] se propôs a denunciar o horror dos insalubres criadouros industriais de porcos e apresentar provas de que a gripe A (H1N1) pode ter se originado dessas imundas pocilgas de La Gloria. A ação é por perdas e danos “pela morte injusta de Judy, provocada pela Smithfield Foods” e tem o valor de “aproximadamente US$ 1 bilhão”.
Embora a empresa Smithfield Foods negue qualquer relação entre suas instalações e a aparição de um foco da nova gripe [3], um relatório recente da organização não-governamental GRAIN [4] parece confirmá-lo. No documento, os especialistas alertam que o aumento em grande escala de chiqueiros industriais criou as condições perfeitas para o surgimento e disseminação de novas formas de gripe altamente virulentas. Tais criadouros constituem bombas-relógio prontas para desencadear epidemias mundiais. “A alta concentração de enormes quantidades de animais apertados em muito pouco espaço facilita a rápida transmissão e combinação dos vírus”, declararam, em 2006, pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos [5].
Três anos antes, em março de 2003, a revista Science [6] já havia advertido que a gripe suína estava evoluindo de forma rápida devido ao aumento do tamanho dos criadouros industriais e do uso generalizado de antibióticos e vacinas. Os virologistas alertavam precisamente o México e os Estados Unidos acerca do perigoso coquetel virótico que estava por vir [7]. “Parece que depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína na América do Norte se acha em uma fase de rápida evolução e a cada ano produz novas variantes”, apontaram.
Atribuíam a fulgurante mutação dos vírus a duas causas: o confinamento em criadouros insalubres e a prática de vacinar as fêmeas, que colaborava para a seleção de novos vírus mutantes. Segundo os especialistas, esses dois fatores “aumentam a probabilidade de que surja um novo vírus transmissível entre humanos”. Seja através das fezes, dos alimentos, da água ou até mesmo das botas dos trabalhadores, o vírus se disseminaria de modo incontrolável.

Um berço para novas pandemias
Nesse mesmo artigo, o Dr. Christopher Olsen, virologista molecular da Faculdade de Veterinária da Universidade de Wisconsin, atreveu-se a profetizar: “Agora devemos buscar no México a granja onde aparecerá a próxima pandemia [8]. ”Tudo indica que essa granja foi localizada. E que o inferno da atual epidemia começou em La Gloria, a pouca distância dos criadouros de porcos da empresa Smithfield.
Gigante produtor de carne suína, a Smithfield Foods Inc. é uma das maiores empresas agroalimentícias do planeta e a número um, em escala mundial, na produção de carne de porco. Está sediada na cidade de Smithfield, Virginia, e possui filiais em nove países.
Com um faturamento de quase US$ 12 bilhões, a Smithfield Foods é a terceira companhia americana mais poderosa na produção de alimentos, depois da Archer Daniels Midland e da Tyson Foods. Em 2008, ocupou a 222a posição entre as 500 empresas mais importantes do mundo, segundo a revista Fortune [9]. Porém esta companhia, que abastece as cadeias de fastfood como McDonald’s e Subway, foi acusada com frequência de contaminar a água, o solo e o ar, e de não respeitar os direitos de seus trabalhadores. Em 1997, por exemplo, a Smithfield Foods foi multada em US$ 12,3 milhões, por violar a Lei de Águas Potáveis [10]. Abusos como esse foram duramente denunciados pela ONG Human Rights Watch em seu relatório de 2005, Sangue, suor e medo. Direitos dos trabalhadores nos frigoríficos e avícolas dos Estados Unidos [11].
Para evitar acusações, a Smithfield Foods transferiu parte de seus criadouros para países como México, Romênia e Polônia, em que as leis em favor do meio ambiente são mais relaxadas ou mesmo inexistentes, e onde alguns políticos estão dispostos a deixar-se corromper [12]. Assim, em 1994, através de sua filial Granjas Carroll, a Smithfield fixou-se na remota zona rural de La Gloria, aproveitando o Tratado de Livre Comércio entre México, Estados Unidos e Canadá (Nafta).
Lá, os porcos vivem presos em jaulas que impedem seu movimento, no interior de barracas com ventilação deficiente e iluminação constante para estimular seu crescimento. São engordados até alcançar 120 kg, em criadouros rodeados por montanhas de excrementos e sujeira.
A partir de 2004, a contaminação do ambiente e seu impacto na saúde dos habitantes vizinhos levaram ao surgimento de um movimento ecologista. Muitos habitantes de La Gloria e de uma dezena de comunidades que convivem há anos com essa fetidez e respiram dia e noite um ar irrespirável se uniram para protestar contra a expansão da multinacional. Organizaram assembleias e marchas. A empresa Granjas Carroll respondeu reprimindo-os e processando-os por difamação. Vários ativistas foram detidos e obrigados a pagar fiança para sair da prisão.
Um correspondente do jornal A Jornada [13], Andrés Timoteo, deslocou-se até o povoado para descrever o ambiente: “Nuvens de moscas emanam das lagoas de oxidação, onde a empresa Granjas Carroll despeja os dejetos fecais de suas granjas de porcos, e a contaminação a céu aberto já gerou uma epidemia de infecções respiratórias. O vetor epidêmico residiria nas nuvens de moscas geradas nas granjas de porcos e nas lagoas de oxidação”. Os habitantes atribuem o aparecimento de infecções a essa poluição e ao envenenamento das águas e da atmosfera.
Outro repórter, Jorge Morales Vázquez, narrou [14] como os moradores protestam há anos contra a expansão indiscriminada da empresa criadora de porcos. Eles já sofreram perseguição policial, coerção e ameaças. Durante sua investigação, o jornalista constatou “o fétido odor, proveniente das granjas de porcos, que se respira durante todo o dia na pequena comunidade de apenas 3 mil habitantes, assim como a existência de enxames de moscas que infestam os lares das famílias”. Verificou, também, a proximidade das “lagoas de oxidação” responsáveis pelo nauseabundo fedor que se espalha pela região e onde os dejetos fecais dos porcos são submetidos a um processo de decomposição, convertendo-se em gás metano. O repórter pôde observar também os chamados “biodigestores”, fossas cobertas com uma porta de metal, onde são jogados os cadáveres de porcos enfermos ou mortos por brigas nos chiqueiros. E relatou a suspeita de que haja problemas de infiltração nos lençóis freáticos.

O controle epidemiológico já alertava
“Nesses buracos cavados no solo, os cadáveres se decompõem, o que representa uma fonte a mais de contaminação e proliferação de moscas do tamanho de uma abelha, chamadas de muerteras, as quais, levadas pelo vento, viajam em enxames até La Gloria e invadem as residências”, afirmou. Muitas famílias declararam que foram afetadas por frequentes dores de cabeça, enfermidades gastrointestinais e das vias respiratórias, e sofreram com diarreia, tosse, infecções de garganta, vômitos e febre.
Nesse local, presumivelmente o vírus A (H1N1) passou dos porcos para os humanos em algum momento entre novembro de 2008 e janeiro de 2009. E deve ter começado a infectar uma quantidade maior de pessoas em meados de março [15].
As autoridades mexicanas não divulgaram a informação, mas, no final do ano passado e início de 2009, o número de enfermos em La Gloria era tão alto que vários organismos internacionais de saúde começaram a preocupar-se com a situação. Em 6 de abril passado – ou seja, 18 dias antes de o governo mexicano alertar a OMS sobre o aparecimento de um novo vírus de gripe humana – a Biosurveillance, que pertence ao Veratect [16], centro do governo americano de informações epidemiológicas, informou que em La Gloria estavam ocorrendo uma série de estranhos casos de “infecções respiratórias” similares “a bronquite pneumônica, com febre e forte tosse” e que “60% dos habitantes” padeciam de uma nova e atípica enfermidade.



Não há dúvida de que o México logo soube que um foco infeccioso grave de uma gripe desconhecida havia sido produzido no vale de Perote e que, sem que os tratamentos habituais pudessem impedi-lo, o mal se difundia rapidamente através do país. Mas o governo não deu o alerta nem mobilizou de fato seus serviços de saúde e seus pesquisadores. Tampouco informou imediatamente a OMS sobre a gravidade de uma situação que estava fugindo de controle.
Por que o Estado mexicano agiu de modo tão irresponsável? Tudo indica que a causa principal de tal atitude foi diplomática. Tratava-se de evitar a qualquer custo que, por razões de segurança sanitária, a visita oficial de Barack Obama, prevista para os dias 16 e 17 de abril, fosse adiada. Para Felipe Calderón, cuja eleição em julho de 2006 foi muito controversa, a visita do mandatário americano era uma consagração definitiva. Nada, nem mesmo a ameaça de um novo vírus devastador, devia adiá-la.
Prova de como a epidemia já estava avançada nessa ocasião é que ela havia chegado até o próprio Palácio Nacional e afetava o círculo próximo de Felipe Calderón. Logo depois, um assessor do secretário americano de Energia, Steven Chu, que havia ido ao México para preparar a viagem do presidente Obama, foi contaminado pela nova enfermidade. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, reconheceu que a esposa, o filho e o sobrinho do funcionário também apresentavam sintomas da nova gripe [17].
Ante a magnitude que tomava a pandemia, os serviços mexicanos de saúde decidiram, por fim, agir. Enviaram amostras médicas tomadas de alguns enfermos de La Gloria para laboratórios dos Estados Unidos e do Canadá. Foi o laboratório nacional de microbiologia da Agência de Saúde Pública do Canadá, em Winnipeg, que detectou o novo vírus, contendo elementos da gripe aviária, da suína e da humana combinados. O resultado saiu em 23 de abril, a partir de uma amostra tomada de um menino de cinco anos que havia ficado doente em março passado.
Esse menino, hoje curado, foi identificado como o primeiro ser humano – ou “paciente zero” – infectado pela virulenta gripe suína. Ele se chama Édgar Hernández, e sua história, narrada pelo The New York Times [18], tornou-o famoso no mundo inteiro. Édgar relatou os severos sintomas que sofreu em La Gloria: ardência na cabeça, tosse, dores de barriga e garganta e falta de apetite [19].

O Tamiflu, um bom negócio
Segundo a revista Science, estima-se que no dia 23 de abril, data em que o México tornou pública a pandemia, já havia entre 6 mil e 32 mil casos de gripe suína no país. Muito mais que as cifras confirmadas pelos laboratórios.
Até o momento, há pouca evidência de que este surto da gripe A (H1N1) seja mais perigoso que as infecções rotineiras, que a cada ano causam a morte de 250 mil a 500 mil pessoas no planeta. Porém, segundo a Science, o vírus A (H1N1) parece muito mais contagioso que o da gripe comum. A OMS, por sua vez, alertou que ele ainda pode sofrer mutação, tornar-se muito mais virulento e causar uma pandemia que poderia propagar-se com uma intensidade três vezes maior. A organização assinala que “a gravidade desta gripe está influenciada pela tendência pandêmica de dar a volta ao mundo pelo menos duas ou três vezes”. Atualmente, no hemisfério sul, inicia-se o período habitual de gripe e ali o vírus A (H1N1) poderia combinar-se com medicamentos antivirais e proceder a uma nova mutação, para regressar ao hemisfério norte em outubro próximo, em condições muito mais virulentas, como ocorreu com a terrível “gripe espanhola”, em 1918. Embora tudo indique que a nova epidemia será menos severa que a de 1918, alguns especialistas estimam que seja tão letal como a de 1957 – a “gripe asiática” –, que deixou mais de 2 milhões de mortos.
Para proteger seus cidadãos, os governantes estão adquirindo quantidades significativas do medicamento antiviral Tamiflu, um dos poucos tratamentos eficazes para combater o vírus mutante H1N1. Dadas as circunstâncias, a história do Tamiflu não deixa de ser sugestiva. Ele foi descoberto pela empresa biofarmacêutica Gileade Sciences Inc, com sede em Foster City, Califórnia. A Gileade cedeu os direitos de fabricação e de comercialização à multinacional suíça Roche, que lhe repassa 22% dos lucros anuais pelas vendas do Tamiflu.
É interessante notar que Donald Rumsfeld, ex-secretário de Defesa do governo George W. Bush, foi presidente da Gileade Sciences Inc. desde 3 de dezembro de 1997 até assumir seu cargo no Pentágono em 2001, e conserva um importante lote de ações da companhia.



Quando assumiu seu cargo no governo, uma das primeiras medidas de Rumsfeld foi declarar o Tamiflu de uso obrigatório nas Forças Armadas [20]. Os lucros da Roche e da Gileade (e, por conseguinte, o enriquecimento pessoal de Rumsfeld) dispararam. As ações da empresa também foram altamente beneficiadas na Bolsa, a partir de 2003, quando surgiram na Ásia as ameaças de epidemias do Sintoma Respiratório Agudo Severo (SRAS) e do vírus H5N1 da gripe aviária. Fascinados pela teoria de complô, alguns chegaram a deduzir que o detestável Rumsfeld deveria estar implicado, de uma maneira ou de outra, no surgimento dessas epidemias e, em particular, no aparecimento do novo vírus mutante A (H1N1).
Isso é pouco provável. A principal responsabilidade desta grave ameaça sanitária reside na industrialização delirante da produção pecuária. O impiedoso sistema de criação intensiva transformou radicalmente o setor pecuário. Hoje se parece mais com a indústria petroquímica do que com a feliz granja familiar ainda descrita nos livros escolares [21]. Em 1965, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de porcos em mais de um milhão de granjas. Agora, existem 65 milhões de porcos concentrados em apenas 65 mil locais de exploração. Em um curto espaço de tempo passou-se dos chiqueiros caseiros aos infernos “concentradores”, nos quais se amontoam dezenas de milhares de animais que, em meio à fetidez e sob calor asfixiante, trocam vírus patogênicos com grande intensidade.
Esse tipo de pecuária desumana, intensiva e produtivista, que desanimaliza o animal e o considera como mero produto industrial, um simples material que dá carne e rende lucros financeiros, é o culpado pela pandemia em curso [22]. Quando, pelos próprios excessos de empresários insensatos, esse depravado modelo desmorona, o desastre sanitário ameaça afetar todos nós.

*Ignacio Ramonet é jornalista, sociólogo e diretor da versão espanhola de Le Monde Diplomatique.

1 AP, 6 de maio de 2009.
2 Austin American-Statesman, 13 de maio de 2009.
3 A Smithfield Foods reitera que não há incidência de A (H1N1) em seus rebanhos ou em seus empregados. Disponível em: www.investors.smithfieldfoods.com/releasedetail.cfm?ReleaseID=381309
4 “Influenza porcina: un sistema alimentario que mata. La industria de la carne desata una nueva plaga”. Disponível em: www.grain.org/articles/?id=49
5 Acessar: www.cruzrojoepidemiologia.wordpress.com
6 Bernice Wuethrich, “Infectious disease: Chasing the fickle swine flu”, Science, março de 2003, vol. 299, n° 5612.
7 A Organização Mundial da Saúde também alertou, em 1999, sobre um possível surto de gripe suína no México e recomendou a criação de laboratórios para desenvolver tratamentos de imunização, com o objetivo de garantir a disponibilidade de vacinas. Apesar dessas advertências, o México ainda não possui infraestrutura para desenvolver e produzir vacinas contra o vírus da gripe suína e, o que é pior, o governo federal promoveu o desmonte dos institutos especializados e deixou de investir na criação de produtos biológicos.
8 Acessar: www.agenciamn.com/index.php/De-Pe-a-Pa/Mexico-sabia-de-la-amenaza.html
9 Fortune, 28 de março de 2008. Disponível em: http://money.cnn.com/magazines/fortune/fortune500/2008/snapshots/728.html
10 F. William Engdahl, “Cerdos voladores, Tamiflu y granjas industriales”, 3 de maio de 2009. Disponível em: www.lahaine.org/index.php?p=37648
11 Acessar: www.hrw.org/reports/2005/usa0105/resumen_sp.pdf
12 Luis Hernández Navarro, “Las ciudades de cerdos de Smithfield”, La Jornada, México D. F., 12 de maio de 2009.
13 La Jornada, México D. F., 5 de abril de 2009.
14 Acessar: www.impreso.milenio.com/node/8559659
15 “Pandemic potential of a strain of influenza A (H1N1): Early findings”, Science, 11 de maio de 2009.
16 Acessar: www.veratect.com/media.html
17 Acessar: www.rtve.es/noticias/20090430/miembro-delsequito-obama-muestra-sintomas-gripe/273070.shtml
18 The New York Times, 29 abril 2009.
19 Acessar: www.abc.es/20090430/nacional-sociedad/todo-empezo-edgar-20090430.html
20 Ernesto Carmona, “La influenza suína ¿beneficia al Tamiflu de Donald Rumsfeld?”, 2 de maio de 2009. Disponível em: www.rebelion.org
21 Mike Davis, “La gripe suína y el monstruoso poder de la granindustria pecuaria”, Sin Permiso, 28 de abril de 2009. Disponível em: www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=2528
22 Carlos Martínez, “Una multinacional americana es denunciada como culpable del brote de la gripe porcina”. Disponível em: www.rebelion.org

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

China vê futuro na energia limpa

Folha Online, 03/08/2009

China - Enquanto os Estados Unidos dão seus primeiros passos no sentido de exigir que as empresas elétricas gerem mais energia de fontes renováveis, a China já tem uma regra similar e está investindo bilhões para se recriar como uma superpotência da energia limpa.

Combinando incentivos e regulamentos, Pequim começa a mudar a forma como gera energia. Embora o carvão seja, e certamente continuará sendo, a maior fonte energética, a ascensão da energia renovável, especialmente eólica, ajuda a desacelerar o forte crescimento das emissões chinesas de gases do efeito estufa.

Neste ano, a China deve superar os EUA como o maior mercado mundial de turbinas de vento, depois de duplicar sua capacidade de geração eólica a cada um dos últimos quatro anos. Estatais de energia competem para ver qual é mais rápida na construção de usinas de energia solar, embora tais projetos sejam muito menores que os eólicos.

E outros projetos de energia limpa, como a queima de detritos rurais para a geração de eletricidade, também estão brotando. Dunhuang, uma cidade-oásis nos confins do deserto de Gobi (norte), junto à famosa Rota da Seda, se tornou um dos centros do esforço chinês para liderar o mundo em termos de energia solar e eólica.

Uma série de projetos está em fase de obras no planalto quase sem vida a sudeste de Dunhuang, inclusive 1 dos 6 imensos projetos de energia eólica atualmente em construção na China, cada um deles com capacidade superior a 16 grandes usinas termoelétricas a carvão.

Cada um dos projetos "faz parecer pequena qualquer outra coisa, em qualquer outro lugar do mundo", disse Steve Sawyer, secretário-geral do Conselho Global da Energia Eólica, de Bruxelas.

Isso não significa que a China se tornará um gigante "verde" da noite para o dia. Entre outras coisas porque o consumo energético chinês deve crescer continuamente ao longo da próxima década, conforme 720 milhões de camponeses chineses adquirirem aparelhos de ar condicionado e outras amenidades já comuns entre os 606 milhões de habitantes urbanos da China.

Algumas autoridades reguladoras temem que as regras do governo estimulem as empresas a irem longe demais, rápido demais. Elas poderiam estar deliberadamente apresentando propostas baixas nas concorrências para novos projetos e planejando posteriores indenizações do governo quando os mesmos projetos derem prejuízo.

"O problema é que temos tantas empresas estúpidas", disse Li Junfeng, diretor-geral-adjunto para pesquisa energética da principal agência chinesa de planejamento econômico e secretário-geral da estatal Associação das Indústrias da Energia Renovável.

O banco HSBC prevê que a China investirá mais dinheiro na energia renovável e nuclear até 2020 do que na eletricidade a carvão e petróleo.

Um grande ímpeto foi a exigência, baixada em setembro de 2007, de que até o final de 2010 pelo menos 3% de toda a eletricidade gerada por grandes empresas energéticas viessem de fontes renováveis. O cálculo exclui a energia hidrelétrica, que já representa 21% da matriz energética chinesa, e a energia nuclear, que representa 1,1%. Até o final de 2020, as empresas chinesas terão de gerar 8% da sua energia a partir de fontes renováveis (exceto hidrelétrica).

Mas pipocam obstáculos técnicos à energia renovável. Durante a primavera, por exemplo, após cada tempestade de areia os painéis solares de Dunhuang ficam inutilizados até que sejam limpos por esquadrões de operários que usam espanadores para não riscá-los - um processo que pode levar dois dias.

E as turbinas de vento estão sendo erguidas mais rapidamente na China do que a capacidade do país de construir redes de alta voltagem. No dias de mais vento, só metade da energia gerada pode ser distribuída, segundo Min Deqing, consultor local de energia renovável.

Mesmo assim, as autoridades municipais defendem mais projetos. "Isto é o deserto de Gobi", disse Wang Yu, vice-diretor de planejamento econômico. "Não há muitos outros usos para ele."

Energia nuclear é renovável?

Fonte: Greenpeace Blog, 03/08/2009

Esse é o título de uma matéria no blog do New York Times.

A resposta pode ser dada pela posição da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), que na figura de sua diretora-geral interina, Héléne Pelosse, afirma que: “A IRENA não irá apoiar programas de energia nuclear por ser esse um processo longo e complicado, produzir lixo e ser relativamente arriscado.”

Não, energia nuclear não é renovável!

Ela afirma que recursos como energia solar são melhores alternativas, além de mais baratas, especialmente com países abençoados com tanto sol para usinas solares.

O Brasil é mais abençoado ainda, além do potencial solar, temos diversos outros potenciais renováveis, como por exemplo as eólicas, que podem gerar até 143 GW, mais que 100 vezes o potencial de geração de Angra 3.

Investir em energia nuclear desvia subsídios de energia limpa e renovável, que são reais soluções climáticas.

Clique aqui para ver a postagem no blog do New York Times.

Câmara dos EUA reduz subsídios para energia renovável

Fonte: Estadão.com.br, por Ana Conceição, Agência Estado, 03/08/2009

Companhias de energia renovável dos Estados Unidos sofreram um forte revés, na sexta-feira, na Câmara dos Representantes do país, que votou por reduzir em um terço os subsídios ao setor. O dinheiro, algo em torno de US$ 2 bilhões, será usado para incentivar os consumidores norte-americanos a comprarem carros mais eficientes, movidos a energia renovável ou não.

Esse programa para troca de automóveis ficou sem dinheiro uma semana depois de lançado, tal a procura dos compradores. O corte efetivo dos recursos que estavam previstos para as companhias de energia renovável pode chegar a US$ 20 bilhões, porque a estimativa é que cada dólar subsidiado ao setor possa gerar outros dez.

"Precisamos desse dinheiro. Esses recursos são necessários", reclamou Bob Dinneen, presidente da Associação de Combustíveis Renováveis (RFA, na sigla em inglês). "Eu entendo que eles (os legisladores) precisam desse dinheiro para lidar com uma situação imediata, mas no final do dia vamos precisar de recursos tanto para o programa de troca de automóveis quanto para desenvolver a indústria de etanol", argumentou.

O resultado da votação da Câmara favorece Michigan, berço da indústria automobilística norte-americana, e desfavorece a Califórnia, onde mais companhias contrataram lobistas neste ano que em qualquer outro Estado do país. A retirada dos recursos é um grande problema especialmente para as empresas de biocombustíveis e energia solar, as que mais precisam de crédito para construir ou expandir instalações. A deputada Nancy Pelosi, democrata californiana e presidente da Câmara, disse esperar que os recursos sejam repostos.

A votação ocorreu em um momento em que a administração Barack Obama tem procurado sublinhar seus esforços para apoiar as empresas de energia renovável. Na quinta-feira passada, o Departamento de Energia dos EUA anunciou que começará a aceitar pedidos de garantia de empréstimos. O governo tem uma linha de US$ 30 bilhões em garantias de empréstimo para energia renovável e US$ 6 bilhões para projetos de transmissão. Esses programas, contudo, não são firmes. Entre outros problemas, o Departamento do Tesouro, não marcou uma data para a liberação dos pedidos, o que complica o planejamento financeiro das empresas, que não podem dizer aos bancos se as garantias serão aceitas pelo governo ou não. As informações são da Dow Jones.

Nissan apresenta seu carro elétrico

por Mariana Amaro, de INFO Online, 03/08/2009

Leaf: o carro elétrico Nissan deve entrar no mercado no final de 2010

A Nissan mostrou ontem (02/08) o Leaf, o seu novo carro elétrico. O veículo deve chegar aos mercados japonês, europeu e americano no ano que vem.

Diferente dos híbridos, como o Toyota Prius, que precisam também do combustível fóssil além da bateria elétrica, o Leaf, cujo nome significa folha na língua inglesa, é o primeiro de uma série da Nissan de carros com nenhuma emissão de gás carbônico.

A montadora japonesa planeja mostrar outros dois modelos que devem, junto com Leaf, entrar nos mercados japonês, europeu e americano até o final de 2010. As expectativas são otimistas. Espera-se uma produção anual de 200 000 unidades em 2012. Além disso, a Nissan acredita que um em cada dez carros seja elétrico até 2020.

A inauguração da nova filian da Nissan em Yokohama, no Japão, foi o evento escolhido para a apresentação oficial do veículo elétrico. Para o presidente da marca Carlos Ghosn, que falou na ocasião, “o Leaf abre uma nova era da indústria do automóvel”.

Ele atinge 140 km/h e sua bateria tem autonomia de 160 quilômetros, uma distância que, segundo a Nissan, cobre as necessidades de 80% dos motoristas no mundo. Até 80% da capacidade da sua bateria pode ser carregada em apenas 20 minutos.

Seu preço ainda não foi divulgado, mas, segundo Ghosn, sem a caríssima bateria de íon lítio - que a Nissan considera alugar aos compradores do Leaf, não deve ser mais caro que outros carros do mesmo porte movidos a gasolina.

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