sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Energia nuclear é uma boa solução para o Brasil (Nordeste)?

Por Heitor Scalambrini Costa*
Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco

Para responder a questão se “a energia nuclear é uma boa solução para o Brasil (Nordeste)?”, caberia discutir se essa alternativa de geração de energia elétrica é econômica, segura e ambientalmente limpa. Esse debate é que temos que fazer com a sociedade.

Minha resposta é fácil: NÃO, pelas seguintes razões:

Sobre a economicidade dessas usinas núcleo-elétricas, segundo os estudos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), o custo da eletricidade nuclear de Angra 3 ficará em torno de R$ 138/MWh, abaixo dos custos de termoelétricas a gás e carvão importado, e abaixo dos custos da eletricidade eólica (R$ 240) e solar (R$ 1.798). Ainda sobre Angra 3 a Eletronuclear informa que o empreendimento custará R$ 7,2 bilhões, sendo que 70% do financiamento virão de recursos do BNDES e fontes estatais, e
os outros 30% de investidores internacionais.

As condições de financiamento são controversas, já que a Eletronuclear assumiu uma taxa de retorno para o investimento entre 8% e 10% - muito abaixo das praticadas pelo mercado, que variam de 12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa de R$ 138 MW/h anunciada pelo governo federal para essa usina. A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção de Angra 3. Estudos têm mostrado que somados juros e financiamento, Angra 3 não sairá por menos de R$ 9,5 bilhões, sem contar R$ 1,5 bilhão gastos até agora. Os subsídios governamentais ocultos no projeto dessa usina nuclear são perversos, porque serão disfarçados nas contas de luz. Se isso se verificar quem vai pagar a conta seremos nós os usuários, que já pagamos uma das mais altas tarifas de energia elétrica do mundo. Também é contestado o prazo de 66 meses estipulado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) para a entrada em operação da usina. O governo fez uma estimativa de 30% de progresso já existente em sua construção. Ainda assim, os 70% restantes consumiriam em média pelo menos mais 96 meses, segundo estimativas.

A título de comparação de custos, a energia da hidrelétrica de Santo Antônio, foi negociada a uma tarifa de R$ 79/MWh, a hidrelétrica de Jirau, o preço foi de R$ 91/MWh (ambas no Rio Madeira), e o resultado do primeiro leilão de energia eólica no Brasil deixaram o MWh em torno de R$ 148. Bem mais reduzido que o apontado pela EPE para justificar a suposta viabilidade econômica da opção nuclear. Utilizando os R$ 7,2 bilhões alocados para Angra 3, seria possível construir um parque eólico com o dobro da capacidade da usina nuclear (1.350 MW) em apenas dois anos sem lixo radioativo ou risco de acidentes. E também, em termos prioritários de
como utilizar esse “dinheirão”, dados do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), mostram que cada R$ 1 bilhão empregado em programas de eficiência energética resulta em uma economia na potência instalada de 7.400 MW, o equivalente a 5,5 vezes a potência de Angra 3 ou a metade de Itaipu. Logo, se uma usina nuclear custa mais de R$ 7 bilhões, pode-se concluir que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência pode evitar investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma quantidade de
eletricidade nuclear. Portanto construir usinas nucleares no Brasil só será possível por meio de um verdadeiro saque aos cofres públicos. E, podemos considerar que a médio e longo prazo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear será um verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de políticas de incentivo e promoção de energias renováveis no país.

Quanto à questão da segurança, apesar dos renovados esforços da indústria nuclear em apresentar-se como segura, acidentes em instalações nucleares em diversos países continuam a demonstrar que esta tecnologia é perigosa, oferecendo constantes riscos que podem trazer conseqüências catastróficas ao meio ambiente e à humanidade. O exemplo mais recente foi o acidente pós-terremoto em julho de 2007 (6,8 na escala Richter) na maior usina atômica do mundo, localizada em Kashiwazaki-Kariwa, no Japão, que
provocou, além do vazamento para o mar, a emissão de gás radioativo para a atmosfera.

Não podemos nos esquecer dos incidentes graves com reatores: Chernobyl (Ucrânia) e Three Milles Island (EUA). O primeiro ocorreu em abril/1986, com a explosão de um dos reatores possibilitando que uma nuvem radioativa cobrisse todo o centro-sul europeu. E em Three Milles Island em março/1979, que provocou grande extensão de danos, mas sem vítima nem vazamento de radiação para o ambiente. Acidentes em uma usina nuclear tem baixa probabilidade de ocorrência, mas quando ocorrem são de extrema gravidade em termos tanto dos impactos sobre a saúde humana quanto ao meio ambiente.

Do ponto de vista ambiental, afirmar que as centrais nucleares são “limpas” quanto à emissão de gases estufa é uma desinformação imensa, sobre a tecnologia dessas centrais e sobre as condições em que funcionam as etapas da cadeia de obtenção e de processamento do combustível que alimenta as usinas. Em operação rotineira, as centrais nucleares pouco agridem o meio ambiente, porém expõem a sociedade ao risco de acidentes que liberam na biosfera produtos de fissão de alta atividade, que podem trazer conseqüências catastróficas. Embora pequeno tal risco, existe, e não pode ser negligenciado. Ademais, essas usinas não resolveram o problema dos rejeitos de alta atividade, cuja deposição final demanda pesados investimentos. Estima-se que estes rejeitos tenham que ficar isolados durante 10 mil anos.

Os defensores desta tecnologia não incorporam em seus cálculos de emissões de gases estufa, o processo completo da produção da eletricidade, o chamado ciclo do combustível nuclear. Pois, se consideramos a mineração do urânio, o transporte, o enriquecimento, a posterior desmontagem da central e o processamento e confinamento dos rejeitos radioativos, esta opção produz entre 30 e 60 gramas de CO2 por kWh gerado, segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica. O cálculo que faz o Oxford Research Group chega a 113 gramas de CO2 por kWh. Isso é aproximadamente o que produz uma central a gás. No caso do enriquecimento para obtenção do combustível nuclear, os minérios que contém o metal pesado Urânio são complicadíssimos de serem "beneficiados", produzindo gases estufa em todas as etapas. Para obter o Urânio enriquecido que interessa aos reatores (3% enriquecido do isótopo 235), teríamos que rejeitar 970 kg de materiais para cada 30 kg de urânio físsil obtido. Para isso, se gasta uma enormidade de energia, inclusive na forma de vapor de água e de eletricidade produzidas em termoelétricas convencionais - grandes produtoras de CO2, de vapor de H2O e de gases nitrogenados -, e em hidroelétricas. Portanto, aqui também tem um mito, um afã de descartar,
cortar e mostrar uma parcialidade da realidade desta energia. Também, o uso de água na tecnologia nuclear é alto. Então, a análise deve considerar a quantidade de energia que colocamos de antemão para produzir a energia elétrica. É importante não omitir esses dados no debate sobre as soluções ao desafio energético do país.

E aí cabe mais uma mentira: a de que hidroelétrica não emite gás estufa.

Basta pensar que as represas, sobretudo em regiões quentes e áridas ou semi-áridas evaporam muito, e de novo teremos o vapor H20, e também o gás metano emanado da decomposição de matéria orgânica, nas represas que cobriram muita vegetação e camada de húmus.

A insistência em considerar a eletricidade nuclear como uma “fonte limpa” é tão grave quanto considerar a hidroelétrica em geral como renovável e não “poluidora”.

Além das questões econômicas, de segurança e ambientais, existem questões éticas que não se deve deixar para as futuras gerações a resolução de problemas da época presente. E isso está ocorrendo com os depósitos (ainda relativamente pequenos) de rejeitos de alta radioatividade (lixo atômico) que permanecem em piscinas nas proximidades dos reatores. Além de que a construção de novas usinas nucleares é sempre uma porta aberta para a possibilidade de produzir artefatos nucleares para fins militares, e para
o uso não pacífico dessa tecnologia.

O que a sociedade brasileira condena e não aceita mais é a falta de transparência sobre as escolha das opções energéticas, impedindo que tenha informações, e se manifeste, sobre como e onde seu dinheiro está sendo investido. Os custos econômicos, ambientais e sociais de usinas nucleares no Brasil (Nordeste) são altíssimos, e nada pode explicar tanta insistência com projetos tão desnecessários para o país e tão ineficazes em termos de geração de energia elétrica.

O debate energético atual se baseia em um modelo “ofertista” com recursos fósseis, com mega-hidroelétricas e com usinas nucleares. Ele precisa e deve ser substituído por um projeto diferente, contemporâneo dos desafios e possibilidades do século XXI, para que tenhamos segurança energética em longo prazo, com a diversificação e a complementaridade da matriz energética nacional, e com fontes renováveis de energia, levando assim em conta, um modelo de desenvolvimento sustentável.
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* Graduado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP),
Mestrado em Ciências e Tecnologias Nucleares na Universidade Federal de Pernambuco e
Doutorado em Energética na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica-França.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Governo divulga lista dos veículos mais poluidores vendidos no Brasil

Fonte: Folha Online, por Lorenna Rodrigues

O Ministério do Meio Ambiente divulgou nesta terça-feira uma lista que pontua os veículos vendidos no Brasil de acordo com o grau de emissão de gases poluentes. Os 402 carros --todos produzidos em 2009-- receberam pontuação de uma a cinco estrelas, em que quanto menor a poluição maior a quantidade de estrelas. De acordo com o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o objetivo é informar o consumidor, para que ele possa fazer uma escolha consciente.

Acesse a lista completa, dos menos poluidores aos mais (em formato PDF)

"Veículos com melhores notas são mais econômicos e o consumidor gasta menos. Ele vai estar poluindo menos, emitindo menos CO2, ou seja, contribuindo menos para o aquecimento do planeta e também gastando menos combustível, fazendo bem para o bolso", afirmou.


Os piores

Pela lista, apenas 22 carros receberam cinco estrelas, todos eles carros flex e com motor de até 1.8 cilindradas. Na outra ponta da tabela, 20 carros receberam apenas uma estrela: todos carros a gasolina e potentes, com motor acima de 2.0 cilindradas.

Entre os menos pontuados estão 10 carros da Citroën, entre eles o Xsara Picaso GXA 2.0 e o C4 2.0. Outros cinco carros são da Peugeot, todos do modelo 407 com motor 2.0.

Completam a lista três carros da Mitsubishi, entre eles o Pajero HPE 3.8. A Volkswagen tem dois modelos do Jetta 2.5 entre os que receberam uma estrela.

Menos poluidores

Entre os carros que receberam cinco estrelas --todos flex-- sete são da General Motors, sendo seis modelos diferentes do Celta 1.0 e 1.4 e o Prisma 1.0. A Fiat tem seis modelos no topo da lista, entre eles o Idea, Palio, Siena e Stilo, todos 1.8.

A Volkswagen teve cinco carros entre os mais bem pontuados, todos modelos do Fox e do Spacefox 1.6. A Citroën tem três C3 1.4 com cinco estrelas e o Ford KA 1.0 completa a lista.

Critério

A pontuação estabelecida pelo ministério é dividida em duas partes: três estrelas representam o nível de poluição relativo ao monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. Das duas restantes, uma é dada para carros com baixa emissão de CO2 no escape e, a última, apenas para carros flex ou a álcool.

Ou seja, pelo critério, nenhum carro a gasolina pode receber cinco estrelas.

De acordo com o ministro Minc, o critério de pontuação da lista divulgada hoje é mais rigoroso do que lista semelhante divulgada em setembro.

Veja, abaixo, os dez veículos mais poluidores, de acordo com o Ministério:

VW JETTA VARIANT 2.5 (CCC) GASOLINA
VW JETTA 2.5 (CCC) GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407 SSD A 2.0 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407 SW 2.0 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407 2.0 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407SW20SA ALL 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407SD20SA ALL 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN PICASSO 20CONF A 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN PICASSO II 20GLXA 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN PICASSO II 20EXCA 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN XSARA PICASSO EXA 2.0 L GASOLINA
Acesse a lista completa, dos menos poluidores aos mais, aqui (em formato PDF).

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Workshop Energia Solar Fotovoltaica Integrada à Edificação

Ocorre na próxima semana, na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, o Workshop Energia Solar Fotovoltaica Integrada à Edificação.

O evento tem por objetivo reunir arquitetos, profissionais da construção civil, pesquisadores, representantes do governo e outros agentes para conhecer experiências estrangeiras na área de geração fotovoltaica integrada à edificação (BIPV - Building Integrated Photovoltaic), discutir obstáculos e soluções e fazer articulações.

O workshop será dividido em três partes:
  • Palestras de convidados estrangeiros que abordarão o tema BIPV sob diversos aspectos da sua cadeia produtiva e uma palestra nacional sobre iniciativas no Brasil.
  • Discussão em painel para propor ações visando impulsionar a BIPV no Brasil.
  • Curso básico sobre tecnologias, projeto e instalação de sistemas fotovoltaicos.

As inscrições para as palestras e o curso são gratuitas, mas as vagas para o curso já estão esgotadas. Na ficha de inscrição disponível no site www.cti.gov.br/workshop_bipv é ainda possível fazer inscrição para as palestras (01/12). Não haverá inscrições para a Discussão em Painel (02/12 pela manhã), por ser um evento restrito.

As palestras da próxima terça-feira trazem profissionais da Alemanha, Austrália e Brasil com bastante experiência na área BIPV. Vale a pena conferir:

Deo Prasad, Diretor do Programa de Desenvolvimento Sustentável, Universidade New South Wales, Sydney, Austrália
Aplicações da energia solar fotovoltaica integrada a edificações urbanas - teoria e prática

Tobias Bube, Marketing, Rolf Disch Architecture Office, Freiburg, Alemanha
A energia solar fotovoltaica integrada a edificações urbanas no escritório de arquitetura Rolf Disch

Luis Araujo, Gerente de Contas e Desenvolvimento de Negócios de Exportações, SOLON AG, Berlin, Alemanha
A energia solar fotovoltaica integrada a edificações urbanas sob o enfoque industrial

René Medawar, Gerente de Vendas, Energiebau, Köln, Alemanha
A energia solar fotovoltaica integrada a edificações urbanas sob o enfoque do distribuidor e integrador

Uwe Hupach, Gerente do Grupo Módulos Cristalinos, TÜVRheinland, Köln, Alemanha
A energia solar fotovoltaica integrada a edificações urbanas e a certificação de equipamentos e componentes

Ricardo Rüther, UFSC, Florianópolis, Brasil
Estado-da-arte das aplicações da energia solar fotovoltaica integrada a edificações urbanas no Brasil

Homero Schneider, CTI, Campinas, Brasil
Ações do MCT e CTI para o avanço das aplicações da energia solar fotovoltaica integrada a edificações urbanas no Brasil

terça-feira, 10 de novembro de 2009

INB esconde vazamento de urânio em Caetité (BA)

De acordo com denúncias encaminhadas ao Greenpeace, 30 mil litros de concentrado de urânio podem ter contaminado solo e água dos arredores da mina
Fonte: Greenpeace Brasil, 10/11/2009


Moradores de Caetité (BA) - onde está situada a mina de urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que abastece as usinas Angra I e II - procuraram o Greenpeace ontem (9/11) para denunciar o vazamento de 30 mil litros de concentrado de urânio. De acordo com informações levantadas pela própria comunidade, o vazamento teria atingido 200 metros de profundidade e pode ter contaminado rios e lençóis freáticos. A operação da mina, ainda segundo os moradores, está suspensa.

Procurada pelo Greenpeace, a assessoria de comunicação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão governamental responsável pela fiscalização das atividades nucleares no país, disse que o vazamento aconteceu no dia 28 de outubro. A assessoria, no entanto, não informou detalhes sobre os impactos e as medidas que serão tomadas. A INB não quis se pronunciar.

“Como nos vazamentos anteriores, esse acidente expõe a fragilidade da segurança nuclear e a falta de transparência dessa indústria. O acidente aconteceu há 13 dias e até agora ainda não há uma posição oficial da INB e da CNEN”, diz André Amaral, coordenador da campanha de energia nuclear do Greenpeace. “A população ainda não sabe a extensão da contaminação do solo, da água e quais os riscos para os moradores da redondeza.”

Essa falta de transparência vem se repetindo em todos os casos de vazamento e outros assuntos relacionados à produção de energia nuclear. No ano passado, o Greenpeace denunciou a contaminação da água de poços localizados em propriedades rurais no entorno da mina de Caetité. Até agora, não foram feitas análises complexas da água na zona de influência da mina e a população continua sem saber a qualidade da água que bebe.

Veja abaixo outros casos de vazamento:

sábado, 24 de outubro de 2009

Desafio Solar: Federais são campeãs, UFRJ nos monocascos e UFSC nos catamarãs

Começa a campanha para o Desafio Solar Brasil 2010
Fonte: Revista Náutica Online, por Gisele Maia, da assessoria do Desafio Solar Brasil

O Desafio Solar Brasil, primeiro rali de barcos movidos à energia solar realizado no país, se encerrou neste sábado (24/10). No acumulado da competição, na classe dos monocascos, o campeão foi o barco Carcará, seguido por Gabriela (ambos do Laboratório de Mecânica da Turbulência – Coppe/UFRJ) e Ipanema (do Grêmio Náutico da UFRJ). Na disputa dos catamarãs venceu Vento Sul (da Universidade Federal de Santa Catarina), seguido por Peixe Galo (do Projeto Grael de Niterói) e Água Viva (do Instituto Náutico de Paraty).

No entanto, na prova do dia o pódio ficou um pouco diferente: liderou a prova na classe dos catamarãs o barco Água Viva. O segundo colocado foi Peixe Galo. O barco Cajaíba ficou em terceiro lugar e a equipe subiu no pódio pela primeira vez.

Entre os monocascos venceu o barco Carcará e Gabriela ficou em 2º. A equipe do Ipanema, que não completou a prova, não subiu no pódio.

O Desafio Solar Brasil foi organizado pelo Polo Náutico da UFRJ e tem o objetivo de estimular o desenvolvimento de tecnologias para fontes limpas e renováveis de energia, articulando centros de pesquisa, bem como divulgar para a sociedade o potencial dessas tecnologias aplicadas em embarcações de serviço, recreio e transporte de passageiros.

O Desafio começa agora

A competição termina hoje, mas o desafio de desenvolver o uso de energia solar no Brasil está apenas começando. Ontem, após a premiação do dia, os membros das equipes se reuniram na tenda principal do evento para o debate “Desafio Solar Brasil – experiências, dificuldades e soluções”. Durante a conversa, um consenso: para que de fato haja impacto e desenvolvimento de pesquisas, o evento preciso ser anual.

Da reunião de ontem, saiu uma comissão para a organização do Desafio Solar Brasil 2010, com representantes das diversas instituições que participam da competição. A comissão deve se reunir já na primeira quinzena de novembro, em local e data a serem confirmados.

Mapa interativo mostra mundo com 4 graus a mais

Fonte: Revista Página 22, em Blog da Redação

O governo britânico encomendou ao Met Office, agência climática do país, um mapa que revela os impactos decorrentes de um aumento da temperatura mundial em 4°C, e as suas consequências na natureza e em atividades humanas.

O internauta pode escolher os impactos que pretende analizar de cada vez. As seções compreendem consequências da temperatura em incêndios florestais, plantações, disponibilidade de água, aumento dos níveis dos mares, vida marinha, secas, geleiras permanentes, ciclones tropicais, temperaturas extremas e saúde.



O mapa foi criado a partir de cenários socioeconômicos desenvolvidos pelo Painel Intergovernamental em Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) e revela que o aumento da tempratura média em 4ºC não seria uniforme em todo o mundo. No Brasil, a temperatura aumentaria entre 5°C no litoral e 8°no interior do País, o que refletiria diretamente no risco de incêndios florestais que, além de mais frequentes, seriam mais difíceis de controlar.

O objetivo global, conforme recomendação do IPCC, é manter o nível de aquecimento em no máximo 2ºC, mas aqui e ali pipocam analistas que dizem ser essa uma missão quase impossível.

O Reino Unido é um dos países que mais se esmera em criar um senso de urgência. O ministro das relações exteriores, David Miliband foi categórico: “Não podemos lidar com um mundo de 4ºC”. E poucos dias atrás, o premier Gordon Brown afirmou que a Conferência do Clima em Copenhague (faltam 44 dias) “é a última chance para o mundo”.

Carros movidos a energia solar se alinham para prova diferente

Fonte: Folha de São Paulo / Reuters, 24/10/2009

Com uma frota de veículos semelhantes a grandes insetos, espaçonaves e painéis solares, amantes de automóveis e fabricantes de todo o mundo se juntaram no norte da Austrália para uma corrida diferente.

Conhecido como o Desafio Verde Global, carros movidos a energia solar e ambientalmente eficientes partem neste sábado para uma corrida de 3.000 quilômetros pelas florestas, desertos e planícies costeiras da Austrália, tudo em nome do meio ambiente.

Uma frota de cerca de 38 carros movidos a energia solar de 17 países, desenhados principalmente por estudantes de engenharia, vão levar cerca de uma semana para ir de Darwin a Adelaide, em evento que é realizado a cada dois anos desde 1987.

Pela primeira vez também há uma segunda categoria, o Eco Challenge, na qual 17 carros de dez fabricantes competirão em veículos ambientalmente corretos e que estão à venda ou estarão em breve, para provar qual é o mais eficiente em termos da queima de combustível.

"Acreditamos que os carros com energia solar foram pioneiros em uma variação de avanços tecnológicos, mas eles não são carros de estrada na prática," afirmou o porta-voz do evento, Mike Drewer.

"Mas agora, com o mundo procurando por soluções práticas, há veículos alternativos sendo feitos por grandes fabricantes, que são mais eficientes em termos de combustível e fazem menos emissões," acrescentou.

O Eco Challenge tem carros da Tesla, Ford, Kia, Honda, Hyundai, BMW, Skoda, Suzuki, Holden e HSV.

Drewer espera que a atenção permaneça mais no desafio de carros movidos a energia solar, com sua frota única de estranhos veículos que enfatizam a pesquisa e o progresso no desenvolvimento da tecnologia.

"A corrida solar é única porque cruza um continente inteiro e se tornou um pináculo para carros solares," afirmou.

Por exemplo, o modelo da Universidade de New South Wales, na Austrália, o Sunswift IV, tem três rodas, é feito de fibra de carbono e pode alcançar 115 km/h usando apenas 1.300 watts, o mesmo usado para tostar duas fatias de pão.

Drewer espera boas performances de carros da Universidade de Michigan (EUA), da Universidade de Cambridge (Grã-Bretanha) e de alguns concorrentes japoneses.

Também participam modelos da Bélgica, Turquia, Alemanha, França, Malásia, Suíça, Índia, Canadá, Irã, Taiwan, Grécia e Cingapura.

Clique aqui para ir ao site do evento.

domingo, 4 de outubro de 2009

Clima e Rock’n'roll

Fonte: Revista Página 22, em Blog da redação

Lembram do que Michael Jackson fez com a música We Are the World, reunindo vários músicos para apoiar a causa da infância na África? A mesma estratégia está sendo usada agora pela causa climática.

A campanha TicTac internacional reuniu gente como Lily Allen, Fergie, Duran Duran, Scorpions e outros numa excelente regravação da música Beds are Burning, do grupo australiano Midnight Oil. A escolha não poderia ser melhor já que a música, composta em 1987, tem uma forte inspiração ambiental assim como boa parte do repertório da banda, reconhecida pelo ativismo em prol do meio ambiente e dos direitos dos aborígenes.

O vocalista Peter Garrett, aliás, é atual ministro do meio ambiente na Austrália. O clipe tem efeitos muito interessantes, como fazer os músicos aparecem em cartazes e billboards mimetizando a campanha de alerta pelas mudanças climáticas que se vê por aí. E conta até com a participação especial de Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU. O vídeo vai aí abaixo.

Justiça suspende mina de fosfato em SC

Fonte: Estadão, 29/09/2009

A Justiça suspendeu ontem (28/9) a licença ambiental prévia que autorizava a Indústria Fosfatos Catarinense (IFC) a iniciar o processo de instalação de uma mina de fosfato em Anitápolis (SC). Baseando-se no princípio da precaução, a juíza federal Marjôrie Freiberger Ribeiro da Silva proibiu o órgão ambiental, a Fatma, de autorizar o corte de Mata Atlântica até que seja dada a sentença final.

A ação civil pública foi movida pela organização não-governamental Associação Montanha Viva contra as empresas Bunge e Yara Brasil Fertilizantes, donas da IFC.

Reportagem do [Jornal O] Estado [de São Paulo] publicada em 20 de setembro relatou o polêmico projeto de construção de uma mineradora de fosfato em Anitápolis, a maior obra em discussão no Estado [de Santa Catarina]. O texto mostrou como a mina que prevê produzir 1,8 milhão de toneladas de fosfato tem gerado críticas em uma região voltada para a agricultura familiar.

Na liminar, a juíza Marjôrie afirma que "há fundado receio de grave lesão ao meio ambiente se o licenciamento ambiental prosseguir". "Não será plausível imaginar o esgotamento da água natural e a desertificação da região ao final de 33 anos de consumo ininterrupto pelo empreendimento? Não será provável que o desmatamento implique dizimação total das espécies vegetais e animais ameaçadas de extinção?", indagou a juíza.

A juíza Marjôrie questionou a falta de publicidade do empreendimento, a construção de uma linha de transmissão de energia exclusiva para a IFC e o risco ambiental sobre a Bacia Hidrográfica do Braço do Norte. A empresa IFC foi procurada pela reportagem, mas preferiu não se pronunciar enquanto não tiver ciência da íntegra da liminar. Também não foi possível localizar um representante da Fatma.

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Leia também:
* Ibama quer a suspensão da licença ambiental concedida para Bunge e Yara extrairem fosfato na Mata Atlântica
* Reportagem publicada na Revista Época
* Mapa com a região de Anitápolis

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Qual é o potencial de danos graves e irreversíveis dos transgênicos?

As imperfeições da técnica de inserção de genes podem gerar modifi cações perigosas a longo prazo.
Fonte: "Transgênicos: A verdade por trás do mito", Greenpeace Brasil


Os defensores da engenharia genética alegam que o processo é preciso, devido à exatidão de quais genes são adicionados, e que, por esta razão, seus efeitos podem ser previstos.

No entanto, na prática, o processo é incontrolável. Novas pesquisas científicas mostram que a função dos genes é muito mais complexa do que se imaginava:

• A posição onde genes são inseridos é feita ao acaso – outros genes podem ser rompidos e suas funções alteradas;

• Muitas cópias dos genes podem ser integradas, fragmentos adicionais inseridos, seqüências de genes rearranjados ou suprimidos – o que pode resultar na inativação de genes, instabilidade ou interferência em outra função do gene;

• Um gene não codifica somente uma função. Descobertas feitas por estudos como o do genoma humano demonstraram que há muito menos genes em organismos superiores do que se previa anteriormente. Foram encontrados de 30 a 40 mil no homem em vez dos 120 a 140 mil imaginados. Isso significa que genes ou partes de genes, podem estar envolvidos em diferentes funções, dependendo de como são transcritos e quais outros genes estão envolvidos. Essa descoberta enfraquece a suposição de que se um gene com uma função conhecida for a adicionado, ele irá se comportar, na prática, de uma única forma.

• Um pacote de genes é introduzido onde não há precedentes evolucionários. A introdução de genes vem de uma mistura de espécies que nunca foram reunidas antes. O comportamento e a interação dos genes inseridos, ao longo do tempo, em um genoma complexo, são desconhecidos.


MUDANÇAS PERMANENTES

A falta de previsão dos efeitos ao longo do tempo é a conseqüência da complexidade da transgenia. Uma vez liberado no meio ambiente, não será mais possível recolher o organismo vivo. A provável irreversibilidade do impacto do organismo geneticamente modificado é atribuída à capacidade de reprodução dos seres vivos: se os transgênicos cruzarem com espécies selvagens semelhantes, mudanças genéticas podem ser incorporadas no código genético natural e alterar o caminho da evolução de forma irreversível.

O cruzamento entre duas plantas transgênicas diferentes nas lavouras pode criar uma planta desconhecida. No Canadá, a canola (colza) transgênica resistente ao agrotóxico glifosato cruzou com a canola transgênica Liberty Link, resistente ao agrotóxico gluofusinato, e em seguida cruzou com a canola não transgênica Clearfield, resistente ao herbicida do grupo imidazolinona. Isso criou uma super erva daninha jamais imaginada pelos cientistas, que é combatida por um produto químico extremamente tóxico chamado 2,4 D.

Salvem (antes de tudo) o pequeno agricultor!

Fonte: Blog Gatronómicas, por Joyce Galvão

O questionamento sobre os alimentos transgênicos continua em voga, afinal, será que eles substituirão os alimentos “naturais”?

Se pensarmos nos acontecimentos e em suas previsões a resposta mais evidente seria um grande sim, ainda mais quando lhes digo que o crescimento desse tipo de produção tem ocorrido em um ritmo consideravelmente alto. Mas esses cultivos de transgênicos que estão sendo desenvolvidos, eles afetam outros cultivos fazendo com que as espécies originais acabem desaparecendo?

Há alguns dias, o CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas) iniciou um ciclo de debates científicos sobre temas atuais, como radiofreqüência, mudança climática, energia nuclear e alimentos transgênicos. Em respeito aos alimentos transgênicos, a finalidade do debate era clarear um pouco mais a ideia da população sobre a modificação genética dos alimentos, oferecendo informações que pudessem esclarecer algumas dúvidas. Em um vídeo encontrado no YouTube é possível assistir uma entrevista com Fernando González Candelas, científico do grupo de genética evolutiva do Instituto Cavanilles de Biodiversidad y Biología Evolutiva da Universidade de Valência (que vem desenvolvendo uma série de bons projetos para a alimentação).



Segundo Candelas existe sim a possibilidade (reduzida) de que os alimentos transgênicos afetem os demais cultivos, contudo isso não ocorre ainda. Esses alimentos poderiam acabar com a espécie original somente a nível industrial, ou seja, esse tipo de alimento oferece características atrativas aos agricultores, como uma maior produção e rentabilidade (mundo capitalista) e por isso o cultivo de transgênicos poderia ocupar o lugar dos demais alimentos “tradicionais”.

O movimento do Slow Food, que há vários anos tenta recuperar os alimentos que se encontram em vias de extinção e a FAO (Food and Agriculture Organization) com a Comissão de Recursos Genéticos para a Alimentação e Agricultura, lutam juntas a favor de uma maior diversidade alimentar para que uma alimentação para futuras gerações seja garantida.



Infelizmente nos encontramos em uma época em que tentamos recuperar a riqueza e variedade de milhares de alimentos antes encontrados em nossa mesa em abundância, aos quais não demos os devidos valores. Estudiosos indicam que é necessário esse retorno às antigas produções e que a indústria utilize estes alimentos que se encontram já em esquecimento, para assim aumentar a produção de produtos tradicionais evitando o crescimento de alimentos modificados geneticamente.

Mas não adianta culpar apenas a indústria. Os consumidores, ou seja, NÓS, que devemos marcar as tendências de consumo, e como dever consumir alimentos antes esquecidos permitindo uma recuperação muito mais rápida e eficaz.

Ainda restam muitas questões a serem tratadas sobre esse tipo de alimento e principalmente como faremos para não só recuperar o setor agrícola mas também para suprir a necessidade de bilhões de pessoas. A possibilidade que exista uma contaminação genética, por mais remota que seja, existe e pode provocar a disseminação da espécie. Será que os agricultores ditos “ecológicos” serão obrigados a abandonar seus cultivos?

Revolução tripla

Em florestas, desertos ou mares, o mundo coleciona significativos exemplos para melhorar a produção de alimentos e de energia, sem prejudicar o ambiente
Fonte: Revista Página 22, por Ignacy Sachs

A revolução verde dos meados do século passado trouxe um avanço significativo da produtividade agrícola, graças a uma combinação de sementes selecionadas com quantidades cada vez maiores de adubos e pesticidas (com impactos ambientais negativos) e aos progressos da irrigação. Vale dizer que ela favoreceu em escala mundial a minoria dos produtores que dispunham de recursos financeiros próprios e de subsídios públicos para adquirir os insumos, marginalizando as populações rurais pobres, sobretudo as dos países do Sul. Várias nações industrializadas passaram a produzir alimentos em quantidade bem superior às suas necessidades internas, exportando o excedente a preços altamente subsidiados, arruinando assim os produtores dos países periféricos.

O conceito de revolução duplamente verde, assim chamada por pesquisadores franceses, surgiu em oposição à primeira revolução verde, buscando maior harmonia com a natureza e adequação das tecnologias às possibilidades do pequeno agricultor familiar. Esta revolução dupla está em marcha. No entanto, convém acelerá-la e adequá-la às urgências do momento para fazer face ao duplo desafio das mudanças climáticas deletérias, iminentes e em parte irreversíveis, e ao déficit agudo de oportunidades de trabalho decente. Devemos enfatizar a necessidade urgente de parar todo e qualquer desmatamento e encorajar o plantio de mais árvores – a melhor maneira de sequestrar e armazenar o carbono nas plantas e no subsolo: reabilitando as matas ciliares, restaurando os ecossistemas florestais nas áreas de proteção ambiental, ampliando as plantações arbóreas de espécies úteis (chamadas de “florestas plantadas” impropriamente, por não terem a biodiversidade das florestas), adensando as florestas nativas com espécies úteis, plantando ao longo das estradas e ruas árvores de sombreamento e ornamentais, sem esquecer o sombreamento dos pastos.

Ao mesmo tempo, devemos envidar esforços para aproveitar para fins produtivos os espaços desérticos, de maneira a reduzir a pressão sobre os solos agricultáveis e a floresta. À primeira vista, trata-se de uma tarefa difícil. No entanto, nos últimos anos, surgiram vários projetos espetaculares visando o aproveitamento dos espaços desérticos para a produção da energia solar e eólica, a exemplo do Desertec, pilotado pela União Europeia, um conjunto de usinas solares no Saara que pretende produzir eletricidade para abastecer a Europa, instalando, ao custo de 400 bilhões de euros, uma capacidade de 100 gigawatts, o suficiente para abastecer o Brasil por seis meses (Veja, de 22 de julho). Segundo certas estimativas, uma área de 84 mil quilômetros quadrados de usinas de energia solar fototérmica daria para abastecer o mundo.

A China também está pensando grande, com a instalação de enormes unidades eólicas no Deserto de Gobi. Neste momento, estão sendo implantados seis gigantescos projetos de energia eólica, cada um com capacidade superior a 16 grandes usinas termoelétricas a carvão (The New York Times/Le Monde, de 1º de agosto).

Vale a pena lembrar ainda o projeto chamado The Sahara Forest Project – um conjunto de estufas que produz biomassa ao captar os gases dos poços de petróleo e utilizar água de mar dessalinizada com energia solar. Segundo a revista Dinheiro Rural, de julho de 2009, a Syngenta, um gigante do agronegócio, acaba de criar um centro de pesquisas na região desértica de Arica, no Chile, para trabalhar, entre outros projetos, com espécies de plantas adaptadas ao estresse hídrico. Outra fronteira para avançar, sempre com o propósito de diminuir a pressão sobre os solos agricultáveis, são os espaços marinhos, a complementação da revolução duplamente verde com uma revolução azul. Continuamos ainda a depender excessivamente da pesca (ou seja, da caça a animais aquáticos) e não da criação de peixes, moluscos e crustáceos. A sobrepesca resultou no massacre de algumas espécies.

Porém, dispomos ainda de um grande potencial de criação de animais aquáticos em condições sustentáveis, se forem respeitadas regras ambientais de manejo. As experiências altamente negativas de criação em grande escala de camarões nas Filipinas e no Equador, e ultimamente em fazendas de salmão no Chile, devem servir de lição. O aproveitamento de algas para fins energéticos é mais uma vertente da revolução azul com perspectivas brilhantes a médio prazo. Certas algas dobram a sua biomassa em um dia e têm um alto teor de óleo, podendo produzir cem vezes mais óleo por hectare ao ano do que a soja e dez vezes mais do que o dendê.

CTNBio libera plantio de mais três tipos de milho transgênico

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança aprovou a comercialização de mais três variedades de milho transgênico.
Fonte: Pulsar Brasil

Os novos milhos geneticamente modificados que vão entrar no mercado são das empresas Monsanto e Syngenta.

Agora, serão nove variedades transgênicas de milho liberadas para comercialização, mas de acordo com a Agência Chasque, a comercialização começa em 2010.

Independentemente da data em que os milhos começem a ser comercializados a nova liberação agrava um problema já existente.

No sul está entrando em curso o plantio de nova safra de milhos transgênicos. E os agricultores estão preocupados com a contaminação pelo pólen ou mistura de sementes e grão.

Orçamento de carbono global é necessário para conter mudanças climáticas, diz relatório da Rede WWF

Fonte: WWF-Brasil

Bangcoc, Tailândia – Novo relatório da Rede WWF, lançado hoje em Bangoc durante a rodada de negociações climáticas das Nações Unidas, revela que um rigoroso orçamento global de carbono, dos dias atuais até 2050, baseado em uma justa distribuição entre nações ricas e em desenvolvimento, pode impedir drásticas alterações climáticas e manter o aumento da temperatura bem abaixo de 2ºC.

Intitulado “Compartilhando esforços em um orçamento global de carbono” (Sharing the effort under a global carbon budget, em inglês), o relatório, fruto de pesquisas, cálculos e análises realizados pela consultoria Ecofys, apresenta diferentes formas de cortar as emissões globais em pelo menos 80% até 2050, e em 30% até 2030, em comparação aos níveis de 1990.

De acordo com essa análise, o orçamento de carbono total (a quantidade de emissões globais de gases do efeito estufa toleráveis ao longo de um período de tempo) tem de ser definido em aproximadamente 1.600 gigatoneladas de CO2 equivalentes, para o período entre 1990 e 2050.

Como uma grande parcela destes gases já foi emitida globalmente, o balanço da atualidade até 2050 é reduzido para 970 gigatoneladas de CO2 equivalentes – o que não inclui as emissões oriundas do desmatamento e degradação florestal e a retirada de gases da atmosfera em função do crescimento e regeneração de florestas ao redor do planeta.

Métodos

Para se reduzir as emissões, o relatório indica três diferentes caminhos, com a descrição de três métodos diferentes que podem ser aplicadas na justa e equitativa distribuição dos ônus e benefícios do orçamento global de carbono.

(i) O GDR, ou Direitos de Emissão de Gases de Efeito Estufa por Nível de Desenvolvimento, indica que todos os países precisam reduzir as emissões abaixo do nível da tendência de crescimento atual com base em suas emissões per capita, limites de pobreza e PIB (Produto Interno Bruto) per capita.

(ii) C&C, ou Sistema Contração e Convergência, indica que as cotas per capita convergem do nível atual de cada país para um nível igual para todos os países dentro de um determinado período.

(iii) O CDC, ou Sistema Convergência Comum, mas Diferenciada, indica que as emissões per capita dos países desenvolvidos convergem para um patamar igual para todos os países, e dos outros países convergem para o mesmo nível quando suas emissões per capita atingirem uma média global.

O relatório diz que, até 2050, o método GDR determina que as nações desenvolvidas (países listados no Anexo I do Protocolo de Kyoto) reduzam as emissões coletivamente em 157%. Considerando que não podem cortar emissões domésticas em mais de 100%, precisarão financiar as reduções de emissões em outros países para alcançar seu total.

Caminhos para nações em desenvolvimento - Os diferentes métodos oferecem diversas opções para os países não listados no Anexo I. Embora o GDR permita um aumento para a maioria dos países em desenvolvimento, ao menos no período inicial, os dois outros métodos dão menos margem para o aumento das emissões. Por exemplo, pelas metodologias C&C e CDC, até 2050 ao Brasil caberia fazer uma redução de pelo menos 73%, a China de 70% e a Índia, entre 2 e 7%, em comparação com 1990.

Os países mais pobres teriam permissão para continuar a aumentar as emissões até pelo menos 2050 segundo o sistema GDR, mas seriam obrigados a reduzir após 2025 se as outras duas opções de distribuição fossem adotadas.

Entretanto, atualmente não é possível considerar, nos diferentes métodos de análise, o papel das emissões de gases do efeito estufa associadas ao desmatamento e a degradação florestal e a retirada de gases da atmosfera em função do crescimento e regeneração de florestas. Isso ocorre pelo elevado grau de incerteza sobre o comportamento desse e de outros ecossistemas no balanço de carbono. O estudo assume valores totais para estes dois fatores, onde as emissões relacionadas a florestas diminuem ate 2020, chegando a zero e o sequestro de carbono da atmosfera passa a acontecer a partir de 2030.

"Entender o papel da vegetação tanto na sua dimensão espacial como temporal no balanço total de carbono é essencial para países com vastas extensões florestais, como o Brasil, Rússia e Estados Unidos" afirma o Superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, completando: "A inclusão de florestas nestas análises poderia modificar a distribuição das reduções entre os países. É uma possibilidade relevante para quem tem emissões ou remoções elevadas neste setor, mas requer melhorar significativamente a qualidade das informações através da implementação de redes de pesquisa ecológicas de longo prazo sobre a ciclagem do carbono e do lançamento de satélites capazes de mapear fontes e sumidouros de carbono nos ecossistemas como o Observatório Orbital para o Carbono que infelizmente não conseguiu entrar em orbita em fevereiro passado".

Cinzas do carvão viram concreto ecológico

Fonte: INFO Online, por Paula Rothman, 01/10/2009

Bloco de 2268 quilos feito com o geopolímero

Pesquisadores usam as cinzas geradas pela combustão de carvão como matéria-prima para concreto ecológico.

Na Universidade Louisiana Tech, um grupo criou um polímero de concreto inorgânico, ou geopolímero, a partir de um dos resíduos industriais mais abundantes no planeta.

O material feito de cinzas da combustão que pode virar alternativa verde para construção civil, substituindo o concreto convencional que, de acordo com os pesquisadores, é responsável pela liberação de 5% a 8% de todo o CO2 gerado por humanos.

Além de reduzir as emissões, o novo material seria mais durável e resistente, aguentando melhor efeitos da corrosão e de altas temperaturas – ele suporta mais de 1300º C.

Outra vantagem do material seria o fato dele reutilizar um resíduo que, normalmente, seria depositado em áreas de descarte, possivelmente contaminando a região.

Em todo seu ciclo de vida, o geopolímero reduz em 90% as emissões de gases do efeito estufa de comparado ao concreto convencional.

O produto será oficialmente apresentando na Conferência Energy Systems, realizada em 5 de novembro.